Grupo bracarense de etnia cigana quer ter voz na política

A associação cigana Letras Nómadas, que gere o programa ROMED (conjugação entre ROMA que designa cigano e mediação), tem vindo a dinamizar a criação de academias políticas ciganas por todo o país. Em Braga, são mais de trinta os participantes da actividade entre os 18 e os 55 anos.
Há cinco séculos que os “roma” se instalaram em Portugal, no entanto Bruno Gonçalves, coordenador do programa ROMED e das academias políticas, afirma que a comunidade continua a ser “discriminada e posta de parte”. Agora, chegou a altura dos cidadãos portugueses de etnia cigana construírem a sua própria oportunidade de “fazer parte da sociedade e produzirem leis para todos”.
Em 2019 vão aumentar o número de encontros direccionados para a reflexão política junto de cidadãos desta etnia. Segundo o coordenador, é essencial que cada vez mais ciganos “ganhem consciência política” para perceberem o mundo da política quer a nível local como central. Nestas reuniões são debatidos temas da actualidade como “igualdade de género, finanças locais e pobreza”, diz.
Bruno Gonçalves ressalva que é fulcral que os “roma” tenham voz na sociedade. Na óptica do responsável, e também político na Figueira da Foz, é necessário criar “políticas de recuperação no que toca ao isolamento”, assim como “mais oportunidades de emprego, educação e habitação”, como meio para diminuir a pobreza dentro desta comunidade.
O responsável explica que nas academias políticas os participantes são incentivados “a criarem movimentos ou a integrarem partidos políticos”, principalmente nas zonas demográficas com maior taxa de ocupação de ciganos. Bruno Gonçalves destaca o facto de existirem cada vez mais personalidades ciganas a demonstrarem capacidades intelectuais, podendo ser uma mais valia para os partidos políticos.Segundo aquele porta-voz estão a decorrer negociações com alguns partidos para “concederem uma oportunidade a estes cidadãos” já nas próximas eleições europeias, em Maio.
Áudio:
Bruno Gonçalves, coordenador do programa ROMED e das academias políticas, em declarações à RUM explica os objectivos e lutas pelas quais a comunidade cigana está a lutar.
