CDU propõe classificação do S.Geraldo como bem cultural

O vereador da CDU na Câmara de Braga vai propôr na reunião de câmara da próxima segunda-feira a “abertura do Procedimento de Classificação como Bem Cultural de Interesse Municipal do Imóvel “Cinema São Geraldo”.
A intenção foi revelada ao final da tarde desta quinta-feira por Carlos Almeida, em pleno Largo Carlos Amarante.
A oposição insiste na preservação do antigo cinema e não desiste de encontrar uma solução que trave o caminho traçado pela Arquidiocese de Braga, proprietária do imóvel.
Em declarações à imprensa local, Carlos Almeida reafirmou que o Cinema São Geraldo “é parte integrante da memória colectiva da cidade de Braga e dos bracarenses, tendo feito parte da vida cultural de várias gerações”.
A CDU suporta-se também nas “características únicas a nível da sua construção nomeadamente a estrutura original do edifício e da sala principal (paredes de alvenaria), o palco com uma boca de cena de largura semelhante à do Theatro Circo”, entre outras.
A localização “priveligiada” do Cinema São Geraldo é outro dos pontos referidos, assim como “a importância dpo movimento de cidadãos e das associações de defesa do património que se têm manifestado contra a demolição do edifício e defendido a sua manutenção como equipamento cultural propondo soluções para o seu uso cultural imediato”.
O vereador da CDU e recandidato à Câmara Municipal de Braga realça ainda a necessidade de Braga oferecer novos espaços culturais à população e aproveita as intenções do município da candidatura a Capital Europeia
da Cultura e Capital Criativa da UNESCO na área das media arts para propôr, nos termos da Lei 107/2001, de 8 de Setembro, que a câmara de Braga dê início ao procedimento de classificação do Cinema São Geraldo como Bem Cultural de Interesse Municipal com vista à salvaguarda e preservação do Imóvel.
“Pode ser um momento determinante para o futuro deste edifício” – Carlos Almeida
O vereador da CDU entende que esta proposta pode ser “determinante” para o futuro do antigo cinema São Geraldo e acredita que entre os vereadores da coligação Juntos por Braga há quem se identifique com esta proposta. Por isso, além de acreditar nos votos dos vereadores socialistas na próxima segunda-feira, Carlos Almeida pede a Ricardo Rio que dê liberdade aos seus vereadores de votarem de acordo com as suas próprias convicções. Carlos Almeida recordou uma afirmação da vereadora da Cultura que reconheceu que a cidade tinha poucos espaços culturais, apontando que a recuperação do S. Geraldo como espaço cultural seria positiva para todos.
Além disso, o anúncio recente de Ricardo Rio da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura é outro dos pontos referidos para reforçar a ideia de que a cidade de Braga deve comprometer-se de forma efectiva com a promoção da cultura e a abertura de mais espaços para esse fim, no caso, aproveitando um espaço que já existe.
“A classificação do S. Geraldo seria a concretização efectiva de que há uma vontade concreta de que Braga seja Capital Europeia da Cultura” – Adolfo Luxúria Canibal
O mandatário da candidatura de Carlos Almeida à Câmara Municipal de Braga esteve ao lado do actual vereador para defender a causa e lembrar Ricardo Rio de que “de boas intenções está o inferno cheio”, apontando que o caso do S. Geraldo “é emblemático desse distanciamento entre as intenções e a prática”. O músico lamentou ainda que o actual presidente da CMB esteja a seguir “uma prática corrente da história da cidade de Braga, de destruição” e lamenta que Braga vá ficando “desfeita pela mão da Igreja e dos responsáveis civis que gerem a cidade”.
Para Adolfo Luxúria Canibal, Ricardo Rio deve “concretizar a intenção da candidatura a Capital Europeia da Cultura com actos práticos”.
A intenção da Arquidiocese de Braga, a posição da Câmara Municipal de Braga e as movimentações de cidadãos e partidos na oposição ao longo deste processo
O projecto da Arquidiocese para o edifício S. Geraldo tem sofrido alterações, mas as mesmas estão longe de corresponder às expectativas de muitos bracarenses, nomeadamente dos vereadores na oposição na Câmara Municipal de Braga. Desde 2016 que o edifício voltou a ser motivo de conversa e de preocupação. Foi criado um movimento de cidadãos que defende a preservação da emblemática sala de cinema situada nas costas do Theatro Circo, em pleno coração da cidade.
Em assembleias municipais o assunto foi trazido à discussão por cidadãos sem responsabilidades políticas, mas também deputados da CDU e do PS. O deputado do BE eleito por Braga pediu a actuação do governo nesta matéria, mas todas as acções tomadas ao longo deste período temporal foram desvalorizadas pelo poder autárquico, nomeadamente a sugestão de compra do edifício pela Câmara Municipal de Braga deixada pelo vereador da CDU e pelos vereadores do PS na oposição. Aliás, o valor sugerido pelos referidos vereadores foi alvo de ironia pelo presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, que considera que a prioridade é regenerar o espaço e que nesta matéria os partidos da oposição andaram “a reboque das redes sociais”.
