Acácia australiana: a espécie que está a “invadir” o Gerês
O Parque Nacional Peneda Gerês está “sob ameaça” das acácias australianas. O alerta é deixado pela Quercus, neste dia 21 de Março, que se celebra o Dia Internacional das Florestas. Conhecida como acácia mimosa, a espécie ocupa já mais de 1.000 hectares no único parque nacional português. A acácia australiana é “extremamente invasora” e “impede o crescimento de outras plantas”, pode ler-se no comunicado da entidade.
À RUM, João Branco, Presidente da Direcção Nacional da Quercus, diz que a espécie está a “invadir” o Parque Nacional e “basta ir à Vila do Gerês para ver que toda a paisagem está a ficar dominada por essas árvores”. “Nesta altura têm uma flor amarela, mas o certo é que impedem o crescimento de qualquer outra planta, além de, evidentemente, terem um impacto muito grande na fauna e flora”, frisou.
A invasão da acácia mimosa tem sido potenciada pelos incêndios florestais, já que “tem havido uma inoperância das autoridades competentes e a planta é extremamente invasora”, critica João Branco. “Quando há incêndios, a mimosa imediatamente ocupa as áreas ardias, crescendo a uma velocidade tal que não dá hipótese a qualquer outra planta de sobreviver”, explica.
Para evitar a invasão da planta australiana, a Quercus pede investimento do Estado, que ronda os milhões de euros. Quanto às áreas que já foram invadidas, o responsável frisa que é necessário haver acções de controle. “É urgente arrancar as árvores várias vezes ao longo de vários anos. Posto isso, a espécie dever ser substituída por árvores autóctones do Parque”, explica. O responsável diz que, para controlar a situação que já existe, são precisos vários milhões de euros. “Cada ano que passa, vai ser preciso mais dinheiro”, avisa.
João Branco explicou ainda que a acácia mimosa afecta de forma significativa a fauna e a flora do Parque Nacional Peneda Gerês. “Toda a cadeia alimentar fica alterada. A planta não é habitat nem para os insectos, nem para fungos, nem para as aves. Há uma perda massissa de biodiversidade. A situação está cada vez pior”, lamentou João Branco.
