Theatro Circo é hipótese para gerir S. Geraldo

A Câmara de Braga admite que possa ser o Theatro Circo a gerir o S. Geraldo. Ricardo Rio confessou que o modelo para a gestão deste espaço, que apenas abrirá ao público em 2019, ainda não está definida, mas avançou que será a autarquia a ficar responsável pelo mesmo.

O edil bracarense avançou isso mesmo após a reunião de Câmara desta segunda-feira, referindo que “há apenas duas hipóteses neste caso: Ou o município ou o Theatro Circo enquanto extensão do serviço de gestão da cultura no que respeita a equipamentos culturais”, colocando a hipótese de uma gestão externa de fora das opções.

Sobre a definição daquilo que será o espaço, Ricardo Rio afirmou que serão ouvidos agentes culturais neste processo, lembrando que há a vontade de “perceber as necessidades concretas e complementares que possam existir” para o local.


“Tentaremos preservar elementos do edifício actual e valorizá-los, mas, em concreto, não posso dizer que vai ser uma sala de cinema, porque não vai ser ser, atendendo aos fins que se pretende, que não numa óptica complementar às outras valências que o espaço irá ter”.

Esta auscultação coincide com aquilo que PS e CDU desejam. “Se isto vai ser um edifício com fins culturais tem que se ouvir pessoas do meio artístico. Há necessidades que as pessoas que não são da área não têm noção para o espaço (piso, som, etc.). Faz sentido constituir um grupo que ajude a Câmara a perceber o que ali vai instalar. Acho que é pertinente que a vereadora da cultura ouça quem é da área”, frisou Liliana Pereira, vereadora do PS.

Já Carlos Almeida, vereador da CDU, lembrou que “quem vive a cultura na cidade tem que ser ouvido” e que a “auscultação deveria ter sido feita em todos os processos”. O vereador comunista sublinhou que o S. Geraldo “não vai ser aquilo que cada um quer, mas tem que ser um espaço para dar resposta aquilo que hoje Braga não tem”.

No que diz respeito à requalificação do imóvel, Ricardo Rio admitiu que a mesma irá significar investimentos na ordem dos 700 mil a um milhão de euros. Recorde-se que o município não será ressarcido deste valor caso o imóvel retorne para a Arquidiocese no final dos 10 anos do arrendamento.

PS e CDU consideram renda “exagerada” e “exorbitante”

Apesar do voto unânime em relação ao contrato de arrendamento do S. Geraldo, PS e CDU deixaram alguns “reparos e ressalvas” ao documento. Uma delas prendeu-se com o valor da renda (12.500 euros) que socialistas e comunistas acusaram de ser exagerada e culpam Ricardo Rio pelo valor. “O município, ao tomar tão tarde esta decisão de negociar o uso e futuro do S. Geraldo, veio criar problemas. Ao ter aprovado o projecto de arquitectura da Arquidiocese para este espaço para fins comerciais e de habitação, acabou por criar expectativas e valorizar o imóvel, o que faz com que a renda seja elevadíssima”, comentou Carlos Almeida.

Do lado do PS, e apesar do voto a favor relativo ao contrato de arrendamento, as críticas para aquilo a que chamaram uma medida “eleitoralista” de Ricardo Rio. “Acho que esta medida tem a ver com o próximo dia 1 de Outubro. Acho que esta é uma tentativa de não perder eleitorado, ou então de captar eleitorado mais à esquerda”, considerou Liliana Pereira do PS, que lembrou a “pressão mediática” que foi exercida sobre o município através das discussões e movimentos criados em torno do edifício.

Na resposta, Ricardo Rio considerou este valor como sendo “justo”. Destacando negociações “difíceis que duram há dois ou três meses”, Ricardo Rio afirmou que o valor “não é de todo exagerado e está dentro de condições de mercado que temos visto concretizar para outros edifícios próximos. Não é possível dizer se há um empolar do valor, mas este foi o ponto de encontro entre as vontades do município e Arquidiocese”, explicou o edil.

“Esta solução final é boa dentro da lógica de rigor e disciplina do município”, concretizou Ricardo Rio que aludiu ao “bom acolhimento” que esta opção municipal teve por parte do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga.

Segundo Ricardo Rio está previsto para Maio do próximo ano o início da intervenção no local, sendo expectável que a mesma esteja terminada no início de 2019 para usufruto da população.

“Princípios da moral cristã” deixam dúvidas à oposição

A cláusula segunda do contrato dá conta do arrendamento para fim não habitacional compatível com os princípios da moral cristã. O PS levantou a questão de “qual a fronteira para definir o que vai contra estes princípios”. “A liberdade de expressão artística pode embater com estes princípios e se estamos a arrendar o espaço para as artes e para a liberdade artística, podemos ter esta questão a ser discutida. Convém especificar, definir e salvaguardar isso mesmo”, afirmou Liliana Pereira.

Outro dos apontamentos deixados pela oposição prendeu-se com aquilo que poderá acontecer no fim do contrato de arrendamento. “Não me parece bem que ao fim desse tempo a Arquidiocese tenha a possibilidade de não vender o imóvel, depois de receber rendas de mais de 1 milhão de euros e das obras de requalificação do espaço”, frisou Carlos Almeida. Já Gil Sousa, do PS, afirmou que se “corre o risco de “daqui a 10 anos entregarmos um edifício reabilitado, funcional e nada recebermos por isso”. 

Daniel Silva
Daniel Silva

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