Parque ecomonumental terá percursos pedestres e cicláveis

Os estudos Hidrogeológicos, Arqueológicos, Urbanísticos e Paisagísticos, tendo em vista a salvaguarda e execução do Parque Ecomonumentaldas Sete Fontes foram apresentados este Sábado, dia 02 de Março, numa sessão pública que decorreu no Museu D. Diogo de Sousa-
A intervenção suscitada pela criação do Ecoparque implica a qualificação e reabilitação de toda a envolvente urbana, desde logo a protecção ambiental ao próprio monumento e a sua articulação com malha urbana envolvente, em particular a relação pedonal com o centro da Cidade e equipamentos próximos, como o Hospital e a Universidade do Minho.
“É com esta convicção e persistência no trabalho realizado, que continuaremos a desencadear os procedimentos necessários à salvaguarda do interesse público, com a finalidade de executar o Ecoparque e dá-lo a usufruir a todos os Bracarenses”, salientou Ricardo Rio na sua intervenção.
Com a alteração do Plano Director Municipal, associada à elaboração de um Plano de Urbanização para as Sete Fontes, e com a elaboração do projecto, que agora se iniciam, “ficarão asseguradas as bases para a concretização do Ecoparque”, conforme explicou Jorge Carvalho, responsável pela Estratégia Executória e pelos Estudos Urbanísticos.
Segundo este responsável, o estudo urbanístico preliminar pretende “tirar o máximo partido da dimensão patrimonial existente e do excepcionalenquadramento paisagístico”. Outro dos objectivos passa por “atenuar o efeito negativo da actual rede viária e qualificar a ocupação existente”.
Em particular, o desenho estabelece “os limites entre o que se considera vir a ser a área verde e a área edificável; a estrutura viária e circulatória da área edificável e a localização dos polos vivenciais que integrarão (alargamento de espaço público, equipamentos, funções terciárias e de restauração)”. “Pretende-se que tais polos constituam locais de encontro dos residentes e, também, futuras entradas no Ecoparque”, acrescenta.
Estudos Paisagísticos
Teresa Andresen, responsável pelos Estudos Paisagísticos, para além da dimensão de protecção, salvaguarda e conservação do Monumento Nacional, o programa procura “manter uma visão abrangente para o futuro parque com vista à preservação da imagem de um sistema naturalizado do lugar, através de um desenho que facilite a apropriação dos sistemas naturais, sem esquecer a dimensão social-recreativa que se pretende instalar”.
Assim, o programa contempla um conjunto de portas de acesso nos diferentes limites urbanos, por forma a assegurar um acesso franco e uma continuidade com a Cidade.
Para a ligação entre as entradas e a circulação, o programa prevê uma rede de acessos longitudinais ao Monumento, que se adaptam ao terreno, de um lado e do outro do vale, sempre que possível coincidentes com caminhos pré-existentes. A rede é complementada por caminhos transversais, unindo os dois lados do vale.
Esta lógica de distribuição de acessos assume a intenção de assegurar que a circulação principal não coincida, de forma marcante, com o Monumento, sem deixar de garantir que o mesmo seja acessível e que se vislumbre frequentemente. Para além destes caminhos a construir, parte dos trilhos existentes são mantidos, admitindo-se que outros possam ser criados, num processo de apropriação do espaço através de percursos pedestres e cicláveis.
Outro elemento-chave no programa do parque é o aproveitamento das áreas de mata existentes, assumindo acções de recuperação e melhoramento. Estes espaços garantem a protecção física e visual das encostas mais íngremes e confinam espaços de clareira mais aplanados, onde se concentram as principais actividades no parque. Destas destacam-se o desporto informal, merendas, eventos recreativos entre outros.
Os elementos construídos existentes são integrados no programa para assegurar instalações de apoio à gestão e manutenção do parque, instalações sanitárias e pequenos espaços de restauração. Associados aos caminhos, são elementos importantes ao percurso interpretativo do monumento que se pretende promover, através da distribuição de informação ao longo dos percursos, em locais onde estes se aproximam e coincidem com as várias infra-estruturas das Sete Fontes.
Estudos Arqueológicos
Os trabalhos arqueológicos realizados confirmaram a existência de importantes vestígios da época romana, suevo-visigótica, medieval, moderna e contemporânea, constituindo um testemunho raro em Portugal.
Paulo Ramisio, da Universidade do Minho, responsável pelo Estudo Arqueológico, salienta que grande parte da área que se encontra para além da definida Zona Especial de Protecção é de natureza urbana consolidada, o que limita a natureza das medidas que podem ser consideradas.
No entanto, acrescenta, “será possível a implementação de medidas que incentivem o aumento das áreas permeáveis, a criação de sistemas de regularização de escorrências superficiais, a melhoria do desempenho das redes de drenagem de águas superficiais e a eliminação de fontes de contaminação, pontuais ou difusas”.
O especialista sugere ainda que “as medidas de monitorização e acompanhamento sejam integradas no centro de interpretação, a criar para o efeito”. “Para além de um programa expositivo da evolução temporal do Sistema das Sete Fontes, este centro pode ainda constituir-se como um local onde se apresente o funcionamento de uma notável obra de engenharia hidráulica e arquitectura, mas também da implementação de soluções de drenagem sustentáveis e inovadoras, também como exemplo das obras de regeneração a implementar nas cidades do futuro”, sustenta.
Já os estudos hidrogeológicos, coordenados pelo arqueólogo Luís Fontes, permitiram estabelecer a sequência evolutiva do sistema de captação de água das Sete Fontes, confirmando-se a sua origem em época romana, o seu reforço em época medieval e a sua plena consolidação no decurso do século XVIII.
“O troço mais extenso da conduta principal corresponde à parte mais antiga do sistema, mas os dados das escavações arqueológicas e da análise documental apenas permitem propor uma cronologia relativa balizada entre os séculos IV e XIV”.
