Mulatu Astatke. A liberdade de criar não tem idade

Mulatu Astatke é o criador do chamado Ethio-Jazz, um género que, como o nome aponta, cruza o jazz convencional com a música tradicional da Etiópia. Mulatu, etíope de 75 anos, já passou pelos maiores palcos internacionais, a sua música foi samplada por artistas como Kanye West ou Nas, e teve direito a figurar na banda sonora do filme “Broken Flowers”, de Jim Jarmusch.

No sábado, chega pela primeira vez a Braga para subir ao palco da sala principal do Theatro Circo. O programador Paulo Brandão revela que conheceu Mulatu Astatke “muito tarde” mas assim que ouviu os discos ficou imediatamente convencido de que era um nome “a descobrir”. O que mais chamou a atenção de Brandão foi a diferença notória entre o jazz europeu e o jazz etíope: “Não é um jazz puro, apesar de se chamar Ethio-Jazz. A Etiópia tem uma maneira muito particular de fazer música, não é como na Europa, com tempos sempre compassados e certos”. Para o programador, o estilo e a música de Mulatu, “mexem muito com o público europeu, onde há momentos em que há um descompasso, um atraso”. 

Mulatu Astakte tem mais de 50 anos de carreira e já editou dezenas de discos, entre álbuns seus e colaborações. Entre tanta produção, qual o Mulatu Astakte que vai pisar o palco do Theatro Circo? Paulo Brandão antecipa que o músico vai trazer “o trabalho mais recente [Mulatu Steps Ahead]“. 

“O concerto aqui vai centrar-se muito sobre o último trabalho dele. Curiosamente, acho que é dos trabalhos mais jovens dele, onde ele arrisca mais e em que podemos pensar, realmente, que a liberdade de criar não tem uma idade específica. Ele está em forma, é solicitado em festivais de todo o mundo”.

Mulatu sabe tocar conga, teclados e órgão mas é no vibrafone onde se sente mais confortável. E é com “músicos excelentes”, diz Brandão, que o “muito virtuoso” artista vai subir ao palco da sala principal do Theatro Circo no sábado, pelas 21h30. Os bilhetes estão disponíves aqui.