Serenata da UMinho não vai ter grupo de fados

Na noite desta sexta-feira, a Serenata que marca o início das Monumentais Festas do Enterro do Enterro da Gata não contará com a actuação habitual do Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho (GFSUM). O grupo terá recusado actuar sem uma contrapartida financeira. Em comunicado enviado esta sexta-feira, o grupo acusa a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) de atropelo à tradição e desvalorização do momento que dá início às festas do Enterro da Gata. É a primeira vez em 17 anos que este grupo não actua. Para o substituir a AAUM optou pela Tuna Universitária do Minho.

Na nota o grupo refere que a AAUM “quebra uma tradição singular e intrinsecamente ligada à academia”. “Não contrataram o GFSUM nem outro grupo de fados. Optaram por entregar a Serenata a um grupo do PGCUM, uma tuna! Com este gesto, a direcção da AAUM está a acabar com uma tradição (e a abrir um precedente gravíssimo), a de ter uma serenata de despedida aos finalistas ao som da guitarra portuguesa, realizada por um grupo de fados. Nenhuma universidade pública de prestígio deste país tem uma serenata realizada por uma tuna!

A direcção transitória da AAUM demonstra falta de respeito por uma tradição anterior à própria UM, por um Enterro da Gata secular e que tinha na Serenata um dos seus pontos altos a que a própria cidade aderia e adere”, pode ler-se.

O grupo já não integra o Plenário de Grupos Culturais da Universidade do Minho, deixando por isso de receber o habitual financiamento. 

AAUM esclarece que grupo exigiu contrapartida financeira para actuar

Segundo o comunicado divulgado ao início da tarde desta sexta-feira pela Associação Académica, o grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho alertou a AAUM de que a sua presença na serenata estaria “condicionada à existência de uma comparticipação financeira directa para suporte dos custos relacionados com o funcionamento do grupo”.

Segundo a AAUM, “no decorrer do mandato de 2019, a Direcção decidiu expor este dilema junto do Plenário de Grupos Culturais, tendo sido registada a manifesta vontade dos presentes em produzir soluções alternativas. Ainda assim, a direcção da AAUM comunicou ao GFSUM a vontade de contar com a presença deste grupo na Monumental Serenata da presente edição do Enterro da Gata. Sem surpresas, porém, as exigências impostas foram as mesmas, decidindo a direcção da AAUM embarcar por novas soluções”.

No comunicado, a AAUM lamenta ainda que o grupo de fados e serenatas “trate a Associação Académica da Universidade do Minho como qualquer outra entidade”. “Uma instituição como a AAUMinho, não pode, por isso, tornar-se refém de um grupo cultural para fazer cumprir a tradição e, muito menos, apenas para as tradições que ao grupo em si lhes parece interessar. Não é justo que um grupo que se diz ser “descriminado” por não estar num plenário, se ache no direito de descriminar as atividades onde quer participar. Não é justo cobrar aos estudantes por decisões tomadas em sede própria”.

Entretanto, o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho está a organizar um momento cultural alternativo à Monumental Serenata no Rossio da Sé, atitude criticada pelos dirigentes da AAUM.

“Constatamos, ainda, com profundo espanto e lamento que o mesmo grupo que diz não ter condições para participação na Monumental Serenata sem o apoio financeiro da AAUM se encontra, em protesto, a promover um momento cultural alternativo à Monumental Serenata, considerando que esta atitude é reveladora do comportamento altamente incoerente e injustificável demonstrado pelo Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho, no contexto de uma relação, como os próprios indicam, de mais de 17 anos de participação na atividade cultural promovida na Academia Minhota”, lê-se na mesma nota.