“A cidade tem tudo direccionado para o rio Este”

O vereador do Ambiente em Braga afirma que é difícil acabar com as descargas com tantas habitações a direcionar tudo para o rio Este. Em entrevista ao programa Campus Verbal na noite desta terça-feira, Altino Bessa abordou as descargas e os trabalhos desenvolvidos no sentido de proteger o curso de água.

O vereador sublinha que “há milhares de sarjetas” nas freguesias urbanas de Braga, “todas direcionadas para o rio Este” e que o mesmo acontece com as águas das residências. “Existem nesta área envolvente do rio Este, casas que têm as suas águas das cozinhas, lavandarias e máquina de lavar roupa ligadas às águas pluviais e que vão directamente para o rio Este”, denunciou. Altino Bessa diz que é impossível entrar na casa de cada um e fazer uma fiscalização, e questiona se os bracarenses “alguma vez pediram um parecer técnico para confirmar se as águas estão ou não ligadas às águas pluviais, quando deviam estar ligadas às águas residuais”.

Desde 2014 a autarquia detectou vários prédios, um restaurante e uma clínica “bem conhecida da cidade” com ligações para as águas pluviais. “Situações resolvidas, porque eram descargas permanentes”, explicou.

Altino Bessa reconhece as dificuldades em detectar a origem descargas que demoram dez ou quinze minutos e aí, refere, “não vale a pena começar a levantar tampas, porque nunca vamos descobrir qual a origem”.

Da grande maioria das queixas apresentadas, Altino Bessa lamenta que os relatórios do SEPNA e da PSP indiquem que nas deslocações aos locais não é possível detectar a origem do foco da poluição. 

Reunião com a APA para desenvolver acções de sensibilização

O vereador do Ambiente reuniu há algumas semanas com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a pedido. O objectivo passa por desenvolver acções de sensibilização conjuntas para tentar mudar o cenário na cidade. No encontro, o responsável sugeriu “acções conjuntas de sensibilização e, nos locais onde as descargas rápidas ocorrem com mais frequência, através de equipamentos e técnicos com capacidade e conhecimento analisar como é que estas redes funcionam e ver se é possível fazer mais alguma coisa”, explicou.

A descarga propositada no Verão de 2017 foi, na opinião do vereador, a pior desde que está no executivo municipal. “Foi uma acção voluntária, alguém que teve o propósito de causar este dano”, lamentou, referindo que “não pode haver um fiscal em cada tampa”.

O rio Este é analisado em treze pontos desde 2014 e, segundo o vereador, a qualidade da água “melhorou genericamente”.

O vereador do Ambiente apela à população que reporte no imediato qualquer situação de descarga que seja detectada.