“A música cria o seu próprio espaço” – Rafael Toral

“É uma peça com uma abordagem de que a música cria o seu próprio espaço”. É deste modo que Rafael Toral apresenta Wave Field, uma peça que pode ser vista esta sexta-feira no Gnration, em Braga.
O músico lisboeta esteve à conversa com a RUM, onde falou sobretudo de Wave Field, peça editada em 1995 pela Moneyland Records, e que o próprio descreveu, à época, que queria que fosse “uma peça ambiental que soasse como um milhar de concertos rock a reverberar numa sala distante”.
A peça é o resultado de um cruzamento de guitarra e do espaço e mereceu elogios por nomes como Lee Ranaldo, dos Sonic Youth, ou Jim O’Rourke.
O primeiro desafio proposto a Toral para revisitar Wave Field aconteceu o ano passado, no Museu do Chiado. À Universitária, Toral revela que “a experiência foi muito reveladora e interessante”.
“Não queria fazer uma apresentação semelhante às que fazia na época [da edição do disco] e pensei fazer um trabalho especial, com a espacialização, usando pistas originais para transformar a peça para 50 minutos [a original tem a duração de 20]”.
Wave Field tornou-se um marco da música ambient nas últimas décadas. Quanto ao epíteto, Rafael Toral refere “que sempre soube que o disco teria a sua vida própria”. “Quando editamos um disco ele passa a ser uma entidade autónoma, e apesar de ter sido eu fazê-lo, não deixa de ser, agora, um objecto externo”.
Toral vai apresentar-se pela primeira vez no Gnration e, sendo o espaço um elemento indispensável na arte do lisboeta, qual o conhecimento sobre a sala bracarense? “Tenho uma noção vaga do que poderá ser em termos acústicos [a black box] mas sempre foi uma constante na minha presença em palco adaptar-me à acústica. A acústica pode ajudar ou contrariar… vou operar a mesa e estar atento a que a música seja equilibrada à resposta da sala”.
Rafael Toral sobe ao palco da black box do Gnration esta sexta-feira pelas 22h30. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.
Áudio:
Alguns dos excertos da entrevista a Rafael Toral
