Alteração dos estatutos da BragaHabit não gera consenso

A alteração dos estatutos da BragaHabit preocupa os partidos de esquerda em Braga. Depois do documento ter sido discutido na reunião de Câmara, agora foi a vez de ser levado à Assembleia Municipal onde acabou por ser aprovado com as abstenções do Partido Socialista e Cidadania em Movimento (CeM). Só a CDU votou contra este documento.
A CeM, pela voz do deputado Carlos Silva, colocou em causa a política social da empresa que, no seu entender, fica “vulnerável a interesses privados”.
“Deixa de ser uma empresa orientada para a construção e apoio ao arrendamento às pessoas mais carenciadas nos bairros sociais para permitir que os investidores privados façam acordos que os beneficiem”, afirmou Carlos Silva que lembrou que “alargar o âmbito e ir buscar todos os dinheiros que vêm da União Europeia na base de uma empresa local foi aquilo que se criticou com Mesquita Machado”. “Este caso pode ser mais crítico porque mais tarde pode haver interesses a misturarem-se entre o público e privado”, sublinhou o deputado bracarense que referiu que a alteração estatutária confere ainda poderes alargados ao administrador.
Carlos Silva lembrou que o administrador vai poder expulsar habitantes das residências sociais, lembrando o caso das famílias que ainda se mantém no Bairro dos Falcões que será extinto. “Deram poderes ao administrador executivo para chamar a si a autoridade legal para impor a mobilidade dos moradores, mesmo que eles não queiram. Esta é uma política de cacete que não podemos concordar”, afirmou Carlos Silva que acrescentou que esta empresa “tem agora o seu objecto social mais alargado e não apenas específico no apoio à habitação social e básica”.
Do lado da CDU também foram ouvidas algumas críticas e foi repetido o voto contra que já havia marcado a posição dos comunistas em reunião de Câmara. Carla Cruz, deputada municipal, repudiou a “forma traiçoeira como a BragaHabit quis fazer aprovar normas e excluir outras, que se traduzem numa alteração profunda”.
A comunista acrescentou ao dizer que, com esta alteração de estatutos, a maioria quer “fazer passar por baixo da mesa uma profunda e questionável alteração dos estatutos, que implica a revogação de oito normas, a introdução de 30 novas normas e nova redacção de 16”.
