AM aprova venda da fábrica Confiança

[Em actualização] Foi aprovada a alienação da Fábrica Confiança. Depois de um amplo debate ao longo das últimas semanas e no início da Assembleia Municipal, os deputados da maioria aprovaram a venda da antiga fábrica. Foram 44 os votos a favor e 29 os votos contra.
O debate foi acalorado, como já seria de esperar depois de semanas de acções públicas de um movimento que foi crescendo contra o anúncio desta alienação por parte do executivo que governa os destinos do município de Braga.
Os partidos à esquerda – PS, CDU e BE – submeteram a votação uma recomendação para um debate sobre o futuro da Confiança. Acreditando ser possível encontrar soluções e apontando que a alienar “seria um erro para o desenvolvimento da cidade, para a dinamização cultural e para o património industrial de Braga”, as forças da esquerda pediram à Assembleia Municipal que o tema baixasse à Comissão Especializada de Educação, Cultura, Desporto e Juventude, sem votação do ponto previsto, a fim de que se aprofundassem, densificassem e organizassem um conjunto de discussões, debates e intervenções. Mas a recomendação não passou. Foi chumbada com 43 votos contra e 30 votos a favor.
A reacção da esquerda à aprovação da alienação da Fábrica Confiança
Na opinião dos socialistas esta foi uma decisão “cega e fria”. Pedro Sousa considerou que “não existiu vontade de analisar o que quer que fosse” e que a opção de ontem à noite acabou por representar “um exemplo brilhante de falta de democracia e de sentido de cidade”.
Para o grupo da CDU, “fica na história e memória de Braga que um dia a Confiança foi da Câmara Municipal”. A deputada municipal Bárbara Seco aproveitou ainda o momento para referir que “a lição de democracia” dada na noite de ontem não pertenceu à coligação Juntos por Braga, mas ao público que se juntou no auditório para assistir à assembleia e intervir na tentativa de convencer o poder a voltar atrás e retirar a votação do ponto.
Os bloquistas culparam o executivo de Ricardo Rio pelo estado de abandono da antiga fábrica. António Lima lembrou que as associações queriam lá estar, referiu que “quem está no poder não faz nada ao acaso” e que “o espaço é apetecível para muita gente”.
A reacção de Ricardo Rio ao resultado da votação
Uma votação que comprova que este processo “não foi precipitado”, mas sim “ponderado, discutido e legitimado”, começou por referir o autarca em declarações à RUM. “Chegou um momento que nós gostaríamos que não tivesse acontecido e em que tivémos de tomar uma decisão. Uma decisão que concilia dois objectivos fundamentais: reabilitar o edifício e aquela zona e garantir para a CMB um importante encaixe para alocar a outros investimentos e projectos no contexto municipal”, explicou.
O presidente do município de Braga disse discordar do discurso de que as vozes críticas “representam uma maioria na sociedade bracarense”. “Durante estes dias ouvi várias opiniões pessoais a apoiar a decisão que estávamos a tomar”, acrescentou, insistindo que foi eleito com um reforço da maioria em que os cidadãos conheciam o caderno eleitoral da coligação.
Ricardo Rio disse, uma vez mais, que a CMB “não nada em dinheiro” nem podia deixar o edifício inactivo durante mais meia dúzia de anos.
Confrontando com o facto de o conselho consultivo para a regeneração urbana não ter sido ouvido, o autarca respondeu que não seria aí que seria encontrada essa solução. Além disso, “ninguém propôs qualquer modelo que fosse sustentável”, anotou. O autarca disse ainda que ouvir mais gente “podia ter sido uma opção”, mas que, no entanto, “não iria mudar o destino final”.
Presidente da Junta de Freguesia de S. Victor deixa recado
Ricardo Silva votou contra a alienação. O autarca de S. Victor acabou por intervir na noite de ontem para responder a Hugo Soares, deputado municipal do PSD. O autarca foi taxativo: “Não cedo a pressões que me queiram incutir”. Ricardo Silva disse que recusou colaborar com a câmara municipal porque foi chamado para o caderno de encargos e não para a possibilidade de alienar ou não. “Gostaria de ser ouvido antes. Sou defensor do diálogo, do debate e da comunicação. Gostaria de discutir as opções que são feitas para a minha freguesia nos termos próprios. Quando as pessoas me perguntam sobre a alienação, gostaria de ter respostas a dar”, disse.
O presidente da Junta de S. Victor aconselha a Câmara Municipal de Braga a “mudar o diálogo com as autarquias, numa atitude mais próxima e num canal muito mais estreito”. Questionado sobre a possibilidade de Braga ficar a perder ou não com esta alienação, Ricardo Silva rematou defendendo que “o processo ainda não terminou”.
Áudio:
Ricardo Rio, Pedro Sousa e Ricardo Silva
