Ana Bacalhau apresentou “Desafiar Estereótipos” em Braga

A cantora Ana Bacalhau apresentou ao início da tarde desta terça-feira o seu mais recente projecto pedagógico, “Desafiar Estereótipos”, que pretende chamar atenção dos jovens para a questão da igualdade de género.

Ana Bacalhau é autora das três músicas que englobam o projecto e, disse à RUM, que as escreveu “para por as pessoas a pensar”.

“Eu acho que através destes três temas, baseados nas histórias que estão no livro, nomeadamente o assédio, os papéis atribuídos ao homem e à mulher na sua vida pessoal e profissional, e pensar que o mesmo comportamento tem leituras diferentes pela sociedade. Por exemplo, quando um homem fala alto está a ser poderoso quando uma mulher fala alto está a ser histérica”, explicou a artista.

Os alunos da Escola Secundária Sá de Miranda, EsproMinho e Escola Europeia foram os primeiros a conhecer o projecto em Braga.

Para Ana, esta é a idade ideal para dar aos jovens os conselhos certos, porque “já devem ter começado a sentir um bocadinho na pele”. “É importante falarmos já dos problemas que podem surgir nas suas vidas para lhes darmos as munições para enfrentarem esses problemas”, afirmou.

Aos jovens, Ana Bacalhau deixa alguns conselhos para combater a desigualdade de género: “Sigam aquilo que os instintos dizem e que se envolvam, porque isto é um problema de todos e que engloba uma coisa essencial que é a liberdade”.

Para a artista há ainda problemas graves a ser combatidos na sociedade portuguesa no que diz respeito ao comportamento feminino e, por isso, considera este livro o primeiro passo para a construção de um pensamento diferente, uma vez que os jovens estão na idade de “construir a sua identidade”, onde “toda a informação que seja séria e bem intencionada é bem-vinda”.

Ana Bacalhau acha “muito importante não tornar isto um gueto, onde as mulheres falam com as mulheres”. “Isto interessa aos homens também, porque têm papeis de género muito apertados e que muitas vezes não lhes servem bem”, apontou.

“Reconheço que a mulher é penalizada e tem mérito”

A iniciativa insere-se na Semana Municipal da Igualdade. “Queremos e tudo temos feito para replicar todos os dias do ano a Semana da Igualdade para que as pessoas se sintam iguais”, garantiu o vice-presidente da autarquia, Firmino Marques.

A propósito da igualdade, o autarca afirmou ainda que há em Braga “131 nacionalidades que estão radicadas”. Um número que considera ilustrativo da “aceitação que Braga tem pelo outro”. “Eu continuo a defender os princípios do pós 25 de Abril, sobre trabalho igual, salário igual”, apontou Firmino Marques, reconhecendo que há “muito caminho a percorrer”. “Reconheço que a mulher é penalizada e tem mérito”, acrescentou.

O vice- presidente informou ainda que “desde que este executivo assumiu funções, há, por exemplo, uma empresa de transportes públicos que dos 320 funcionários não se contavam mulheres motorista nos TUB, e, neste momento, há à volta de 12”, bem como existem mulheres “nos bombeiros e na polícia municipal”.

O livro conta com as letras da cantora, histórias alguns links úteis e dados estatísticos.

O que dizem os números?

Segundo dados validados pela Plataforma Portuguesa Para os Direitos das Mulheres:

– 14,4 por cento das mulheres já sofreu de assédio sexual;

-No que diz respeito a trabalho não pago, as mulheres trabalham, em média, mais 1h45 do que os homens;

-A assimetria de género nos salários estima-se em 23%;

– A partir de 2006, com a aprovação da chamada Lei da Paridade, verifica-se um aumento mais significativo da representação de mulheres na Assembleia da República;

– A presença de mulheres nos conselhos de administração das empresas do PSI 20, em Portugal;

– A plena concretização do seu direito à vida privada e à família é, muitas vezes, vedada aos homens e são as entidades patronais que mais esperam a sua integral disponibilidade.

*Por Liliana Oliveira