Antigo vice-reitor da UM vence prémio Vasco Graça Moura

Vítor Aguiar e Silva, antigo vice-reitor da Universidade do Minho, recebeu o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural. O anúncio foi feito esta quarta-feira pela Estoril-Sol, que patrocina o galardão. O escritor, professor e investigador é autor de obras como “Camões: Labirintos e Fascínios” e “Teoria da Literatura”.

Em declarações à RUM, o investigador falou na “honra” de receber a atribuição. “Acolhi a notícia com profundo júbilo e sinto-me muito honrado por ter recebido este prémio, que contempla a minha vida universitária e actividade cultural dentro e fora da Universidade de Coimbra e da Universidade do Minho.  Foi um prémio que me honrou muito”, admitiu.


O júri, que foi presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, escolheu por maioria Aguiar e Silva, referindo que é um “exemplo de cidadania cultural, que liga a dimensão didático-científica à pedagógica”. Uma descrição um pouco “excessiva”, considera o professor. O júri “teve um entendimento muito adequado, correcto e talvez excessivo em termos de elogios da minha actividade cultural dentro e fora da universidade. A cultura, no nosso país, vive, em grande parte, do que se produz nas escolas”, referiu.

 

Em acta, o júri destacou o “percurso incomum” de Aguiar e Silva, “nos domínios da Teoria Literária, instrumento fundamental na formação de gerações, da Literatura Portuguesa e na fixação e estudo de parte relevante da obra camoniana, num brilhante exercício de intervenção pública, quer pelo seu magistério universitário, quer pelas altas missões no campo da política da Língua e da Educação”.

Para Vítor Aguiar e Silva, o prémio representa  “um reconhecimento e incentivo”. “Apesar da minha idade, sinto-me profundamente ligado à escola portuguesa, quer em termos universitários como Básico e Secundário. É uma alegria ver que o meu trabalho foi útil para a escola portuguesa em geral”, frisou.

O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural, no valor de 40 mil euros, foi instituído pela Estoril-Sol, em parceria com a Editora Babel, tendo sido atribuído pela primeira vez em 2016 ao ensaísta Eduardo Lourenço. No ano passado, o distinguido foi o jornalista e escritor José Carlos Vasconcelos. 

BIOGRAFIA

Vítor Manuel Aguiar e Silva, de 78 anos, tem-se dedicado à investigação da Literatura Portuguesa dos períodos maneirista (século XVI), barroco (século XVIII) e modernista (primeira metade do século XX), e ao estudo da Teoria da Literatura, “área em que o seu trabalho como professor e investigador tem sido nacional e internacionalmente reconhecido”, realça a Estoril-Sol.

O investigador publicou, entre outros livros, “Camões: Labirintos e Fascínios” (1994), que lhe valeu o Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Críticos Literários e o da Associação Portuguesa de Escritores.

Entre as suas obras contam-se “A Lira Dourada e a Tuba Canora”, editada em 2008, “Jorge de Sena e Camões. Trinta Anos de Amor e Melancolia”, em 2009, e “Teoria da Literatura”, obra de referência do autor, publicada originalmente em 1967, primeiro em fascículos, e desde então reeditada regularmente num só corpo, tendo sido profundamente revista e atualizada a partir de 1981.

Além de ter estado na génese do Instituto Camões, Vítor Aguiar e Silva também coordenou a Comissão Nacional de Língua Portuguesa (CNALP), tendo sido ainda membro do Conselho Nacional de Cultura. O laureado foi um dos signatários da petição “Em Defesa da Língua Portuguesa contra o Novo Acordo Ortográfico”, ao lado de Vasco Graça Moura (1942-2014).

Aguiar e Silva, natural da freguesia de Real, no concelho de Penalva do Castelo, distrito de Viseu, recebeu várias distinções, entre as quais o Prémio Vergílio Ferreira, atribuído em 2002 pela Universidade de Évora, e o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, em 2007.

A obra “A Lira Dourada e a Tuba Canora: Novos Ensaios Camonianos” valeu-lhe, em 2009, o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus, atribuído por um júri do qual fazia parte Vasco Graça Moura.

Vítor Manuel Aguiar e Silva licenciou-se em Filologia Românica, na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Literatura Portuguesa e foi professor catedrático. Transferiu-se, em 1989, para a Universidade do Minho, onde foi catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas e onde fundou e dirigiu o Centro de Estudos Humanísticos, assim como a revista Diacrítica.


O júri do prémio, ao qual presidiu Oliveira Martins, foi também constituído pelos autores, professores e investigadores Maria Alzira Seixo, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Liberto Cruz e, ainda, por José Carlos Seabra Pereira, em representação da Babel, e Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril-Sol.

O Prémio Vasco Graça Moura “visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que, ao longo da carreira — ou através de uma intervenção inovadora e de excecional importância –, haja contribuído para dignificar e projetar no espaço público o sector a que pertença”, segundo o regulamento.

A cerimónia de entrega do Prémio, cujo distinguido é conhecido esta quarta-feira, no dia em que Graça Moura completaria 75 anos, “será anunciada oportunamente”, adiantou a Estoril-Sol.

Áudio:

Investigador fala à RUM sobre a “honra” de receber o Prémio Vasco Graça Moura.

Mafalda Oliveira
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