As vozes contra venda da Confiança

A venda da antiga Confiança foi um tema que marcou a semana passada na cidade de Braga e o assunto pode estar longe do fim. Muitos são aqueles que têm manifestado oposição ao executivo liderado por Ricardo Rio nesta matéria. Começou com um debate organizado pela junta de freguesia de S. Victor, seguindo-se a circulação de uma petição que já conta com mais de 1200 assinaturas, e depois a presença massiva de bracarenses descontentes na reunião de câmara da passada quarta-feira, em que a proposta de alienação foi aprovada, apesar dos votos contra de toda a oposição e de pedidos para que o ponto fosse retirado da ordem de trabalhos.
PS e CDU anunciaram a entrada de um pedido de classificação daquele imóvel como interesse cultural municipal e o vereador Miguel Bandeira disse mesmo subscrever essa ideia. “O próprio caderno de encargos vai de encontro à necessidade que o próprio processo de classificação exigirá. Naturalmente, do ponto de vista pessoal, eu sou favorável à classificação da Confiança”, disse Miguel Bandeira nasemana passada, no final da reunião do executivo bracarense.
O actual vereador pertenceu ao longo de muitos anos à ASPA. Agora, enquanto vereador do município, tem sido alvo de diversas críticas. O movimento cívico que está a surgir em torno da defesa da Confiança traz ainda a público um documento assinado pelo vereador Miguel Bandeira, no ano de 2003, enquanto membro do conselho directivo da ASPA. O vereador do Urbanismo defendia o complexo arquitectónico da Confiança com “um valor digno de superior classificação reunindo potencialidades para se construir um equipamento cultural”.
Já para a actual direcção da ASPA, é importante que este assunto seja debatido por toda a comunidade bracarense e que sejam evitadas “decisões precipitadas”. “É necessário ouvir os bracarenses, não faz nenhum sentido que estas decisões sejam tomadas sem serem devidamente ponderadas e sem ser calculado o património comum, que nos identifica, e em particular neste domínio onde destruímos muito património”, avisou Manuel Sarmento em declarações à RUM.
Ora, o caderno de encargos elaborado por Miguel Bandeira, segundo a maioria de direita, assegura a memória daquele edifício. “Não só, vai salvaguardar o património da fábrica, com um espaço que fica reservado para uma unidade museológica ou um centro de interpretação, e a recuperação da chaminé, a volumetria do edifício”, explicou, acrescentando que “do ponto de vista da reabilitação arquitectónica e urbanística, o edifício está perfeitamente caucionado e a sua memória”. O vereador realça ainda a “manutenção da afectação que tem no PDM como área de equipamento”, mas também o facto de estarem previstas “escavações arqueológicas”.
Recorde-se que o município vai colocar o edifício à venda, faltando apenas a aprovação da Assembleia Municipal agendada para o próximo dia 4 de Outubro.
Áudio:
Vereador Miguel Bandeira explica caderno de encargos para alienação e Manuel Sarmento, da ASPA alerta para a necessidade de discutir o assunto
