Benfica feminino ganha forma com a “ajuda” do SC Braga

Trocar o SC Braga pelo SL Benfica significa passar da primeira para a segunda liga. A época 2018/2019 marca a estreia oficial do SL Benfica no futebol feminino, ainda que o caminho inicie no segundo escalão. Começar do zero numa modalidade que conta apenas com 4665 atletas federadas em Portugal -3595 ainda nas camadas jovens- pode não ser tarefa fácil. Olhar para o mercado estrangeiro, “pescar” nos clubes nacionais com menos condições e oferecer às atletas contratos mais vantajosos financeiramente é parte do plano estratégico dos encarnados.

E é o SC Braga quem mais tem perdido com a chegda do Benfica ao futebol feminino. Silvia Rebelo, 29 anos, natural de Gouveia, foi a primeira a deixar a Pedreira para jogar na Luz. Mas o que motiva uma das melhores atletas portuguesas a jogar na segunda liga? Durante a apresentação oficial, a internacional A por Portugal explica que a mudança se deve, sobretudo, ao facto de “andar há algum tempo no futebol e ainda não ter conseguido ganhar titulos”. À vontade de vencer o que não conseguiu com as camisolas da Fundação Laura Santos e do SC Braga junta-se o facto de o ex-técnico dos arsenalistas, João Marques ser o homem escolhido por Luís Filipe Vieira para levar o SL Benfica feminino à Liga Allianz.

As boas relações de João Marques com algumas das atletas que treinou em Braga motivaram também a chegada a Lisboa da espanhola Pauleta e da avançada Adri, duas jogadoras que estiveram ao serviço dos Guerreiros do Minho nas duas últimas temporadas. Inês Queiroga, 18 anos, que vestiu a camisola minhota na última época foi outra das escolhas de Marques para reforçar o plantel, apesar de atleta e treinador nunca se terem cruzado no futebol.

O ex-técnico do Sporting de Braga esteve a um pequeno passo da glória na primeira época de Braga feminino, contudo, a equipa minhota foi batida pelo Sporting no campeonato nacional, final da Taça de Portugal e Supertaça. O treinador ainda Iniciou a época 2017/2018 nos minhotos, mas colocou o lugar à disposição no início de Outubro último depois da derrota caseira com o clube de Alvalade.

João Marques foi apresentado em Março                                                                                        fotografia: Sport Lisboa e Benfica

A pausa na carreira deu tempo ao treinador famalicense para preparar a época prestes a ter início. No Minho, mas de Vila Verde, também Diva Meira e Andreia Faria (Vilaverdense FC) estão de malas feitas para Lisboa. E as mudanças para o segundo escalão não ficam por aqui: Evy Pereira trocou o Valadares pelo Benfica, Tita chega do Ferreirense, Pipa e Catarina Bajanca mudam-se do Estoril para a Luz e Carolina Vilão, que na última época era a terceira opção da baliza do Sporting, chega ao Benfica à procura de mais oportunidades.

Das cerca de 20 atletas que compõem o plantel encarnado, 11 chegam da primeira liga sem qualquer contrapartida financeira. Das quatro que alinharam ao serviço do SC Braga apenas Sílvia Rebelo era titular indiscutível, sendo que em 2016/2017 fez dupla de centrais com Andrea Mirón e em 2017/2018 com a brasileira Jana. Pauleta e Adri, devido a opções técnicas e a alguns problemas físicos não realizaram épocas constantes em Braga, mesmo que a espanhola tenha merecido a confiança do actual técnico do SC Braga, Miguel Santos, em 26 partidas.

Mas serão apenas quatro a trocar o SC Braga pelo SL Benfica? O plantel às ordens de João Marques ainda não está fechado e a chegada de mais um ou dois reforços é cenário provável. Também os arsenalistas estão no mercado à procura de atletas. Asseguradas estão as chegadas de Paulinha e Claúdia Machado (Vilaverdense FC) e de Inês Maia (Valadares Gaia). Ana Teles e Ophélie Wasner, que alinham na equipa B, são algumas das atletas que devem merecer a confiança de Miguel Santos de forma a serem integradas na formação A.

Benfica começa na segunda divisão. Porquê?


Na época 2016/2017 a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) lançava o convite aos grandes do futebol masculino nacional para que criassem uma equipa feminina que pudesse competir na Liga Allianz. O desafio apenas foi aceite por SC Braga e Sporting CP que, sem suar a camisola, entraram directos para a primeira liga. O poder económico rapidamente colocou os dois emblemas como candidatos a vencer todas as competições nacionais, relegando para segundo plano crónicos candidatos ao título como Futebol Benfica e Valadares.

Mais visibilidade e mais atletas era parte do plano estratégico da FPF para o futebol feminino. Rapidamente alguns dos desejos foram realizados: algumas internacionais A regressaram a Portugal, jogos começaram a ter transmissão televisiva e possibilidade de algumas jogadoras viverem apenas do futebol, algo impossível até à data. O crescimento da modalidade -muito devido aos bons resultados da selecção- levou o presidente do SL Benfica, Luís Filipe Vieira a anunciar que também as águias iam partir para a criação de uma equipa feminina. A Benfica seguiu-se Vitória SC e Gil Vicente.

“Por respeito e preservação do esforço e investimento na formação e desenvolvimento da modalidade que muitos clubes têm realizado, há longos anos, o SL Benfica iniciará a participação nas provas nacionais em 2018/19 no Campeonato Nacional de Promoção”, explicava o clube em comunicado. Apesar disso, a chegada do SL Benfica desvia as atenções de SC Braga e Sporting CP, duas formações que nas duas últimas temporadas dominaram por completo o futebol feminino nacional. Ao contrário destes dois emblemas, as águias “entram pela porta pequena”, mas com o objectivo de em breve entrar na luta pelas competições nacionais.

O SL Benfica acredita ainda que, “desta forma, influenciará o desenvolvimento da modalidade em Portugal e contribuirá para uma ainda maior projeção além-fronteiras, com elevado potencial para atrair novos adeptos e patrocinadores”.

Benfica ergue-se com ajuda de uma jogadora do SC Braga


Jassie Vasconcelos, Carlota Cristo, Daiane Rodrigues, Inês Queiroga, Silvia Rebelo, Andreia Faria, Diva Meira e Dani Neuhaus, já anunciadas pelos encarnados, são representadas pela Topballer, empresa de agenciamento desportivo da qual a jogadora do SC Braga, Mélissa Antunes, é co-fundadora. Todas as atletas e o treinador João Marques são agenciados pela empresa registada a 23 de Novembro de 2016 na Conservatória do Registo Comercial de Braga.

A futebolista do SC Braga tem 28 anos, está a cumprir a segunda época no clube minhoto e tem 30 internacionlizações A por Portugal. Depois de na primeira época ao serviço do SC Braga ter assumido um papel preponderante na equipa, Mélissa foi perdendo espaço no onze de Miguel Santos e, neste momento, encontra-se a treinar com a equipa secundária.

A par de Mélissa Antunes, também Laura Luís, Diana Gomes e Dolores Silva, internacionais por Portugal, são representadas pela Topballer. Tudo indica que Laura e Diana vão continuar em Braga, mas certo é que Dolores Silva vai actuar no Atlético de Madrid na próxima temporada. Depois de um ano no campeonato português, a centro-campista vai jogar em Espanha, ela que já havia admitido à RUM que não fechava as portas a um possível regresso ao estrangeiro.

Nos últimos dias, através das redes sociais, Edite Fernandes também deixou uma mensagem de despedida a todos os sócios bracarenses onde agradece os “bons momentos vividos em Braga”. A internacional A por Portugal em 132 ocasiões vai jogar com a camisola do Futebol Benfica (Fofó) na próxima temporada.

Dolores Silva, Mélissa Antunes, Laura Luís e Diana Gomes ao serviço da selecção nacional.                                                               DR

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Paulo Costa
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