“Braga não tem maturidade para aplicar taxa turística”

A Confraria do Bom Jesus do Monte está contra a aplicação de uma taxa turística na cidade de Braga a partir de 2019. A intenção do município de Braga foi reafirmada pelo autarca Ricardo Rio há uma semana. Sabe-se que no conselho estratégico o anúncio não caiu bem a vários agentes do sector. O autarca reconhece que esta não é uma medida consensual, mas insiste que os serviços estão a trabalhar na aplicação de uma taxa, que pode ser de um euro ou de um euro e meio.
Esta terça-feira à noite, em entrevista à RUM, Varico Pereira, vice-presidente da Confraria do Bom Jesus, detentora de vários hotéis na cidade, lembrou que o município não deve dizer que quer criar uma taxa turística, mas sim uma taxa de alojamento. “Estamos a falar de uma taxa que vai penalizar as pessoas que pernoitam em Braga. Na perspectiva do Bom Jesus enquanto espaço de acolhimento de visitantes que não pernoitam, essa taxa não vai influenciar em nada os visitantes do Bom Jesus, antes pelo contrário, pode ser que aumentem os visitantes e diminuam os turistas. Eu acho que Braga não quer isso, eu acho que Braga quer que os seus turistas aumentem e diminuam os visitantes”, começou por defender Varico Pereira.
O vice-presidente da Confraria diz mesmo não compreender como é que uma cidade como Braga quer aplicar uma taxa turística, quando a capacidade hoteleira está longe das cidades que praticam estas taxas. Lembrando que as taxas turísticas são aplicadas em destinos que têm uma pressão turística muito elevada, com taxas de ocupação na ordem dos 80% ou 90%, Varico Pereira refere que os dados do INE para Braga, referentes a 2016 estão muito longe de uma lotação. “Tem uma taxa de 43% ou à volta disso, é metade da taxa desses locais. É uma medida precipitada porque Braga, do ponto de vista turístico, não tem maturidade suficiente para estar a aplicar uma taxa destas”, avisou.
Para a Confraria do Bom Jesus, a aplicação de uma taxa só faria sentido junto dos turistas que não pernoitam na cidade de Braga. “A maioria dos turistas que vêm a Braga não pernoitam, são visitantes. Têm aumentado muito, reflexo daquilo que é o aumento do turismo no Porto, mas são visitantes, não ficam a dormir. A receita sendo bem aplicada faz sentido, mas desde que haja essa procura”, acrescentou Varico Pereira.
A entrevista ao programa Campus Verbal pode agora ser ouvida em podcast.
Áudio:
Varico Pereira, vice-presidente da Confraria, em entrevista ao programa Campus Verbal
