Braga: sala snoezelen inaugurada em Maio ainda não abriu

Em Maio de 2017 era inaugurada a Sala Snoezelen do Agrupamento de Escolas de Real, graças a uma candidatura bem sucedida ao Orçamento Participativo Escolar na Câmara Municipal de Braga, mas este espaço sensorial nunca abriu por falta de terapeutas. A denúncia foi feita hoje durante a reunião do executivo municipal, mas o presidente disse desconhecer a situação.

As turmas estão todas preenchidas desde a inauguração. Os pais anseiam pela abertura do espaço já que no privado uma sessão de trinta minutos numa sala snoezelen custa 25 euros.

Esta segunda-feira, Sandra Pereira, mãe de uma criança austista, foi a porta-voz de um conjunto de pais que reivindica mais sensibilidade para estas questões. “Promove-se essa participação no orçamento, faz-se uma sala, gastam-se oito mil euros, inaugura-se uma sala e não se põe a sala a funcionar?” começa por questionar a mãe de uma criança de cinco anos. “Eu sei que ninguém tem culpa, mas o peso do custo destas terapias é muito grande no orçamento familiar. São 25 euros por trinta minutos. Uma criança que necessite de fazer duas vezes por semana, são 200 euros ao final do mês e são poucos apoios ou quase nada do Estado”, alerta Sandra Pereira. 

Os pais acusam o Governo e os municípios de falta de sensibilidade no que respeita ao investimento que deve ser feito para as crianças com necessidades educativas especiais. “Preferem que estas crianças sejam reformados antes de época. As crianças que têm perturbações de comportamento são crianças que um dia podem ter uma vida perfeitamente normal, portanto, apostar nestas crianças é agora”, realçou a porta-voz. A carta lida por Sandra Pereira depois da ordem de trabalhos da reunião de câmara tinha como objectivo alertar o município para a importância de um vínculo estável por parte das assistentes operacionais que acompanham estas crianças nas escolas. Em discussão, ainda a polémica em torno do concurso para a contratação de assistentes operacionais por parte do município de Braga, que excluiu um conjunto de auxiliares. Atiradas para o desemprego sem qualquer apoio social [estavam inscritas no IEFP na altura], vêm-se agora impedidas de concorrer a qualquer concurso para este fim no município de Braga. Os pais contestam a estratégia da autarquia, apontando para o profissionalismo  e os laços de afinidade fortalecidos durante os meses em que trabalharam com os seus filhos. “Nestas crianças tudo é terapia porque eles têm muita dificuldade em criar laços afectivos”,  explica Sandra Pereira.

O presidente do Município de Braga disse desconhecer a inactividade da sala snoezelen que foi inaugurar em Maio passado. Em declarações à RUM, Ricardo Rio explicou que neste caso a responsabilidade não é da autarquia. “A partir do momento que um agrupamento propõe a requalificação de um espaço para adaptação para uma sala snoezelen, não condiciona à sua entrada em funcionamento nenhum apoio adicional por parte do município. Esta matéria devia ter sido acautelada pelo agrupamento em causa”. “Também não chegou ao meu conhecimento nenhum pedido adicional de apoio para tornar operacional a sala”, acrescentou o autarca.

Questionado pela RUM sobre a possibilidade do município intervir para assegurar um terapeuta na sala snoezelen daquele agrupamento, Ricardo Rio manifestou abertura para discutir o assunto. “O nosso objectivo é servir a comunidade e não deixaremos, através do pelouro da Educação, de encetar um diálogo com os responsáveis do agrupamento para verificar se a CMB pode contribuir de alguma forma para o mais cedo possível tornar operacional esta sala”, assegurou.

A RUM tentou contactar o Agrupamento de Escolas de Real para obter mais esclarecimentos, mas sem sucesso.