Candidatos com visões e planos distintos para a saúde em Braga

A saúde, em particular o serviço nacional de saúde (SNS), foi um dos temas que gerou mais controvérsia no debate promovido pela Rádio Universitária do Minho (RUM) que juntou, esta segunda-feira, os cabeças-de-lista por Braga dos partidos com assento parlamentar.
Telmo Correia (CDS/PP) enfatizou a importância de ter mais respostas e menos tempos de espera no SNS. Resultados que podem ser potencializados através de parcerias público privadas (PPP). Na sua intervenção, o centrista considerou a antiga PPP no Hospital de Braga “positiva”, uma vez que os ganhos eram significativos. Neste momento considera existir “dúvidas”. Falando de hospitais na região, é obrigatório falar no impasse do novo Hospital de Barcelos. Situação que, na óptica de Telmo Correia, poderia ter sido resolvida através de uma PPP. Para a saúde, o CDS defende também um “alargamento da ADSE a todos os cidadãos que voluntariamente queiram aderir”.
Ora visão distinta tem o candidato pelo Bloco de Esquerda. José Maria Cardoso pretende desenvolver uma “rede de hospitais” que prime pela proximidade à unidade de saúde principal da região, o hospital de Braga. Ou seja, “reorganizar para que os hospitais tenham valências distintas”. Tendo em conta também que o distrito começa a apresentar “valores significativos ao nível do envelhecimento”, o bloquista sublinha que é preciso um maior acompanhamento ao nível da rede nacional de cuidados continuados. Por último, José Maria Cardoso destacou o caso de Vieira do Minho para sustentar a premissa de que é essencial criar um “serviço de urgência básica de 24h”. Algo que em tempos já existiu, porém foi encerrado.
Outros exemplos práticos surgiram pela voz da candidata da CDU. Carla Cruz acusou o PSD e o CDS/PP de terem encerrado a “extensão de saúde de Caldelas, Amares”, mas também o PS pelo facto de não ter revertido a situação. Para a comunista os serviços de proximidade são fundamentais, caso contrário o que se sucede é uma elevada procura, da parte dos cidadãos, ao Hospital de Braga. Outra das medidas defendidas pelo PCP passa pela articulação entre hospitais e centros de saúde. Quanto à falta de profissionais para preencher as vagas nas unidades de saúde da região (Barcelos, Guimarães e Famalicão) Carla Cruz realçou que o problema pode ser resolvido caso sejam criadas “as condições para que os profissionais se fixem”, nomeadamente condições salariais.
O candidato do PSD pelo distrito de Braga, André Coelho Lima, frisou que “a saúde nunca pode deixar de ser pública”. No entanto, acrescenta que para a população “é indiferente ter uma gestão, das unidades de saúde, pública ou privada. Isto desde que não paguem pelo serviço”. Na opinião do social-democrata o sistema actual do SNS não está a funcionar. Logo, espera que a alteração do Hospital de Braga para a gestão pública não venha a ter efeitos negativos na prestação de cuidados de saúde aos minhotos. André Coelho Lima não fica por aqui, para o candidato as PPP´s poderiam ter sido um meio para “há dez anos” ter construído o Hospital de Barcelos. Ora assim o Estado “teria meios para resolver as problemáticas de Vieira do Minho e de outros locais”.
Já o PS prefere ter as águas bem separadas. Sónia Fertuzinhos afirma que o discurso de que tanto faz que a gestão seja pública ou privada desde que as pessoas sejam servidas está errada. A socialista dá o exemplo de França onde “a comparticipação pública é baixíssima”. O que faz com que a população dependa de seguros de saúde. Isto quer dizer que os cuidados de saúde vão depender do poder económico dos cidadãos. A candidata assegura que o SNS não é perfeito, porém muito foi feito ao longo dos últimos quatro anos. “O distrito de Braga apresenta mais médicos e enfermeiros por mil habitantes em relação à média nacional”, anuncia. Quanto a propostas para diminuir os tempos de espera para uma consulta de especialidade, o PS propõe consultas de pediatria e ginecologia nos centros de saúde.
