Cerca de 200 pessoas pedem “justiça climática” em Braga

17 horas. À hora marcada já está tudo pronto para começar. Dezenas de crianças, jovens e adultos concentram-se junto à Praça da República, em Braga. O fim da intervenção inicial de um dos membros da organização, com o auxílio de um megafone, despoleta os cânticos de protestos pelo ambiente.
“Menos conversa, mais acção. Aquecimento global não”, apelam os presentes, seguindo o repto lançado pelas cerca de dez pessoas que lideram a iniciativa que encerra a Semana de Mobilização pelo Clima na cidade bracarense.
Eunice Santos vai seguindo o protesto com atenção. É a primeira vez que está numa manifestação relacionada com esta causa, mas isso não significa que só tenha dado destaque à questão agora. “Isto é um problema que me preocupa há muitos anos, bem antes de ele começar a ser mediatizado”. A acompanhar Eunice está uma jovem estudante. Inês Pereira sente que esta é uma luta “muito necessária”. “Se não formos nós, ninguém vai fazê-lo”.
Os manifestantes exigem “justiça climática”. Este é um dos cânticos que mais se ouve. Pela terceira vez, Braga associa-se a uma greve climática de dimensão mundial. Cláudio Peça é um dos repetentes.
O que motiva o jovem estudante a participar é “a necessidade de lutar por esta causa”. “Se queremos mudar alguma coisa, não basta estar em casa”. Com mais anos de experiência, Gonçalo Carvalho confessa que o cenário que se perspectiva para as próximas gerações o “assusta”. “Já se vê muita poluição e mais doenças associadas a este problema”.
No dia 15 de Março e no dia 24 de Maio decorreram as duas primeiras greves, mas apenas promovidas pelos estudantes. Desta vez juntam-se aos alunos várias organizações e entidades. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) é uma das que adere ao protesto, permitindo aos professores trocar, por momentos, os livros pelos cartazes, ou seja, a sala de aula pelo ar livre da manifestação. No entanto, essa medida não é do agrado de toda a gente.
Carminda Gomes faz parte de um pequeno grupo de docentes que marca presença na Praça da República, ainda que um pouco distante do epicentro do protesto. A professora de inglês considera que a Fenprof e outros sindicatos juntam-se à greve para “não parecer mal”. “Se os sindicatos dos professores quisessem tomar as medidas adequadas para a protecção do meio ambiente, já o deviam ter feito. Não era preciso estar a colar a uma greve de alunos”.
Cerca de duas centenas de pessoas estiveram na manifestação
Um núcleo de cidadãos, de diferentes idades, mantém-se sempre no protesto, enquanto outras pessoas juntam-se durante alguns minutos e depois vão-se afastando. Contando com este movimento constante de chegar, parar e andar, estima-se que mais de 200 alunos, professores e outras pessoas não faltaram à chamada. Sem garantir certezas, Luís Cruz, membro da organização da Greve Climática em Braga, dá conta que o número de manifestantes é semelhante ao da anterior.
O jovem estudante mostra-se satisfeito com o “englobar no protesto de todos os sectores da sociedade”. À terceira manifestação, a primeira que contou com o apoio de várias associações e estruturas sindicais, Luís Cruz espera que “as entidades competentes olhem agora com a visão de quem já está a ver pessoas responsáveis” que lutam por um assunto “mesmo importante”.
Passado cerca de uma hora depois do início, chega ao fim a manifestação. Braga foi uma das 30 cidades portugueses que aderiu à Greve Climática Global, fechando, assim, a Semana de Mobilização pelo Clima iniciada há precisamente uma semana.
TBG
