Clericus Cup. A competição que todos os padres querem ganhar

Hoje, não há eucaristia. Pelo menos dada pelos cerca de 100 padres que participam na XIII edição da Clericus Cup. Da Guarda, de Vila Real, Viseu, Lamego chegam para participar num torneio de futsal que ninguém quer perder. “É a feijões, mas lá dentro todos querem ganhar. Às vezes até há um ou outro que se chateia mesmo”, explica um dos 12 sacerdotes que compõem o plantel da Diocese de Braga.
Os problemas no joelho, uma variz ou outra e o peso a mais levam a recordar o passado de glória, onde cada lance era disputado como se fosse o último e qualquer lesão sarava com um pouco gelo enrolado num pano. Agora é altura de deixar brilhar os jovens de 27 anos, aqueles que foram ordenados padres há pouco tempo. “Já ouvi dizer que na equipa do Porto tem duas ou três ‘motas’, malta jovem que chega aqui cheia de vontade”, explica.
Braga, por ser anfitriã, e Viana do Castelo porque austenta o título conquistado em 2017 surgem como cabeças de série de grupo A e grupo B, respectivamente. No máximo, por jogo, cada equipa pode utilizar 12 atletas. A regra leva uns a soltar um sorriso de satisfação, dada a valia do plantel. Há quem olhe em redor, com ar preocupado, para os oito escassos atletas que formam a equipa. Poucos recursos ou jogadores a mais são dores de cabeça distintas que têm de ser geridas durante os 23 minutos de jogo.
Há quem folheie um jornal desportivo talvez à procura de inspiração. Comenta-se a possível saída de Bruno Fernandes para o Benfica, mas rapidamente se conclui que é “jogador para outros palcos”. Nesta sala do Hotel João Paulo II, no Sameiro, não há, certamente, internacionais A por Portugal nem jogadores disputados pelos rivais de Lisboa. Aqui e ali há um ou outro que já foi federado, alguns que podiam ter sido e dois ou três que, de edição para edição, parecem jogar cada vez melhor.
Do lado da comitiva bracarense “não há craques”, mas há esperança de que a competição possa ser ganha pela diocese que a organizou. Os três dias de Clericus Cup não se fazem apenas de desporto. Haverá tempo para conviver, visitar a cidade e até para pisar o relvado do Estádio Municipal de Braga.
72 horas parecem não ser suficientes para usufruir da cidade. Mas o torneio é mais do que uma partilha de experiências e convívio entre velhos conhecidos. Parece ser comum a todos a principal razão que levou à criação da prova em 2005. “Sem dúvida que esta é uma forma de mostrar às pessoas, sobretudo aos mais jovens, que temos ocupações e que também nos podemos divertir”, explica o padre Vítor Pinheiro. Chamar a juventude à religião continua a ser um dos desafios da igreja. Poderá o desporto ser parte da solução?
