CMB prefere requalificar bairro do Picoto

A Câmara Municipal de Braga continua a defender que o futuro do bairro do Picoto deve passar pela requalificação e não pela demolição.
No final da reunião de executivo desta segunda-feira, o vereador da CDU, Carlos Almeida, interpelou Ricardo Rio depois de ter feito uma visita ao terreno, alertando que as condições são degradantes e que a autarquia continua a votar aquele espaço ao esquecimento. Reconhecendo que “não é fácil realojar sessenta ou setenta famílias”, Almeida diz que “é preciso começar por algum lado” até porque “fingir que o problema não existe, que é aquilo que a câmara tem feito, não é solução”. “Tirando uma visita ao Monte Picoto em 2013 não fez mais nada. Passaram-se cinco anos e as condições de habitabilidade, dos espaços exteriores, degradam-se de dia para dia. Aquilo só visto, mas como ninguém quer ver é fácil não se preocuparem com soluções”, atirou.
Na resposta, o autarca Ricardo Rio revelou que o terreno onde o bairro do Picoto foi construído é, afinal, propriedade da Arquidiocese, notando que esse problema ainda não foi resolvido. O actual executivo prefere, ainda assim, a requalificação do bairro e não o realojamento. “Tivémos durante este período a equacionar alternativas e até ao momento não foi possível chegar a um entendimento”, respondeu. Segundo o autarca, a situação “inviabilizou a possibilidade de candidatar a intervenção do bairro do Picoto no âmbito do financiamento comunitário porque era requisito prévio a demonstração da titularidade do bairro”.
Agora, o presidente do município defende a regeneração, mas, por enquanto, a BragaHabit deverá levar a cabo “medidas paliativas”, começando por retirar a primeira linha de habitações, que apresenta já riscos de segurança, mas avisa que sem financiamento comunitário a autarquia não reúne as condições financeiras para proceder a uma intervenção profunda. Realojar as famílias em diferentes espaços também se apresenta como uma solução difícil, reconhece o autarca, uma vez que a cidade não tem fogos acessíveis para arrendamento desta comunidade.
Ainda assim, o vereador da CDU sugere um plano de realojamento gradual, começando por famílias prioritárias e defende a demolição daquele bairro social, desvalorizando, nesta altura, o problema da propriedade do terreno. “O Picoto, pela sua localização, no cimo de um monte, completamente longe de tudo, onde não há limpeza, não há transportes, não há equipamentos. É um espaço de ninguém. Aquelas famílias precisam de ser realojadas de forma disperça. O que está edificado não terá outra solução que não a demolição e o realojamento, por isso não me parece que seja importante estarmos hoje a resolver o problema da propriedade”, defende Carlos Almeida.
Áudio:
Carlos Almeida (CDU) e Ricardo Rio (CMB) explicam situação do bairro
