CTB e dst assinam protocolo entre críticas ao Governo

O financiamento do Ministério da Cultura destinado à Companhia de Teatro de Braga não chegou nos últimos 10 meses. Ao final desta tarde, foi assinado, no Theatro Circo, o protocolo de apoio mecenático à CTB por parte da DST Group no valor de 100 mil euros anuais, num contrato que estende aos próximos 4 anos. À margem da assinatura, o director da companhia, Rui Madeira, disparou em direcção do Governo, que acusa de adiar sucessivamente as verbas destinadas à CTB.
O adiamento, segundo Rui Madeira, pode colocar os assalariados da companhia a “trabalhar pro bono”. O responsável continuou as críticas e afirmou “que o discurso público do Governo não corresponde à realidade“, acrescentando que o ano passado a companhia não recebeu durante 7 meses e este ano a situação é semelhante. O director ressalvou as manifestações no sector da Cultura no último ano e meio, algo “que não acontecia em anos de crise”.
Rui Madeira reconheceu que “há uma proximidade entre os quadros da DGArtes e as estruturas” mas salvaguardou que a CTB está à espera do “do número de compromisso do gabinete do primeiro-ministro”, lembrando que o “Ministério da Cultura não tem lei orgânica“.
Críticas à parte, Rui Madeira enalteceu o apoio do mecenas dst e aproveitou para nomear, ironicamente, o presidente do conselho de administração da empresa, José Teixeira, como “o director-geral das artes e o ministro das Finanças” da companhia. O responsável da empresa de construção civil agradeceu as palavras de Rui Madeira e frisou que o protocolo assinado esta quarta-feira é “um contrato” porque estabelece uma relação de igual valia. José Teixeira afirmou, em relação à ausência de verbas destinadas à CTB pelo Governo, que “com pressão financeira, a liberdade escasseia e a criatividade fica em risco“, assinalando, depois, a importância da Companhia “na competitividade da empresa e na cidade”.
A Companhia de Teatro de Braga convidou a Ministra da Cultura a marcar presença na assinatura do protocolo mecenático mas Graça Fonseca esteve ausente. A ausência mereceu reparos pela parte de Rui Madeira. O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, afirmou que mais do que a ausência física, é ausência financeira que limita a Companhia de Teatro de Braga.
“É muito mais penalizador as entropias criadas ao desenvolvimento da Companhia do que a ausência [da Ministra]: Braga é bastante mais longe de Lisboa do que Lisboa é longe de Braga“, ironizou. O autarca aproveitou ainda para dizer que “a Cultura é um valor fundamental para o desenvolvimento das comunidades” e ressalvou a importância da CTB na “formação de novos públicos em Braga”.
3 novas criações
Além das várias críticas ao Governo de ausência de atribuição de verbas, Rui Madeira apresentou o programa para o próximo ano da Companhia. A CTB estreia em junho o espectáculo Quando Nós os Mortos Despertamos, em setembro a peça Espectros e em novembro a peça De Algum Tempo A Esta Parte.
Áudio:
Críticas de Rui Madeira à actuação do Ministério da Cultura; José Teixeira e Ricardo Rio corroboram opinião do director da CTB
