Desde 88 que a guerra colonial está eternizada em Famalicão

Desde a partida para Angola em 1961, do 25 de Abril de 1974 e de um pós-guerra de stress dos que nunca conseguiram ultrapassar o drama vivido em África. A cronologia que forra as paredes do Museu da Guerra Colonial, em Famalicão, começa a 9 de Fevereiro de 1961 com a revolta em Luanda e termina em Dezembro de 1991 com a assinatura de um acordo, em Angola, entre o MPLA e a UNITA para terminar com a guerra civil e marcar eleições. Percorrer aquele corredor é regressar a um período da história de Portugal através de imagens, objectos da época e declarações de quem o viveu.

Em 1988, foi celebrado um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Famalicão, Delegação da Associação dos Deficientes das Forças Armadas de Famalicão (ADFA) e Externato D. Henrique de Ruilhe de Braga, que serviu de acto solene e formal para a criação do Museu da Guerra Colonial. Anos foram precisos – museu foi criado em 1991- para que em pleno Lago Discount se pudesse eternizar aqueles, como refere o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, que no Ultramar “perderam a vida, deixaram partes do corpo e até da alma”.

Aqui está também montado um teatro de operações: helicóptero, plano de evacuações, torre de comunicações, teleprocessador, material cripto, tenda de primeiros socorros e rádio transmissora. Mas são os jornais da época, sobretudo o ELO jornal, onde o 25 Abril é manchete, que nos faz perceber que os ecos de África não chegavam a Portugal. O material -excepto os de combate- resultam de cedências e legados de ex-combatentes que viam em pequenos nadas um souvenir de África.

Para Azeredo Lopes é difícil encontrar as palavras certas para definir o museu, um “espaço rasgado no tempo e que houve o passado”. A preservação da memória e valorização do passado “são condições indispensáveis para a identidade do homem”, que “pense no presente para dar condição ao futuro”. Mas a valorização daqueles que ajudaram Portugal faz-se apenas de registos históricos?

“A Defesa Nacional deve reconhecer uma dívida que tem com aqueles que estiveram ao serviço de Portugal. O Governo tem vindo a tentar reconhecer o trabalho dos que ajudaram o país. Há que juntar políticas”, frisa, Azeredo Lopes, deixando as portas do ministério abertas para a criação de um Centro de Investigação da Guerra Colonial, projecto que poderá contar com o apoio da Universidade do Minho.

O dia-a-dia dos militares portugueses nas antigas colónias nunca será totalmente “conhecido”, “reconhecido” e “retratado”. Enquanto “houver um combatente a história da guerra nunca estará totalmente contada”.

Áudio:

Azeredo Lopes e Paulo Cunha falam sobre a relevância do Museu da Guerra Colonial.

Paulo Costa
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