Doentes com esclerose múltipla vão custear 20% da medicação

A Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM) acusa a ADSE de “imprudência”. Em causa a alteração na assistência de alguns doentes crónicos que tinham comparticipação da medicação a 100% e que, a partir deste mês, têm de pagar 20%. No caso da esclerose múltipla os custos rondam os 200€ mensais.  A TEM enviou uma carta aos ministros da Saúde e das Finanças, que tutelam a ADSE, mas também ao parlamento, onde denuncia “o fim dos medicamentos gratuitos a doentes crónicos” e questiona se esta passa a ser a regra em todos os hospitais, incluindo doentes seguidos nas parcerias público-privadas.


Os doentes do Hospital Privado de Braga foram apanhados de surpresa quando foram contactados sobre o fim da medicação gratuita. De acordo com a TEM, o processo para a marcação de nova consulta numa unidade hospitalar abrangida pelo Sistema Nacional de Saúde (SNSpara recolher medicação pode demorar cerca de seis meses.


Em declarações à RUM, o presidente da direcção da TEM, Paulo Pereira, diz não concordar com a medida e pede menos “leviandade” à ADSE. “Por muito que tenham razão, tendo em conta que mudaram as regras em 2014, não achamos correcto”, criticou. De acordo com o responsável, a ADSE autorizou, em 2015, a consulta de esclerose múltipla com comparticipação a 100%, no Hospital Privado de Braga. “Em 2017, vêm fazer referência a uma norma de 2014 e não dá um período para os doentes poderem ser transferidos e continuarem a sua medicação”, lamentou.


A diferença na comparticipação obrigará os doentes dos Hospitais privados a marcarem consultas em hospitais públicos. Paulo Pereira explica que os doentes, para voltarem a terem a medicação comparticipada a 100%, têm que ir para os hospitais de referência do SNS. “Para isso, têm que marcar uma consulta – algo que já por si demora tempo – depois o médico tem que passar o medicamento que achar adequado, que irá para a Comissão Técnica  de Farmácia, num processo que pode demorar seis meses”, criticou.

No caso da esclerose múltipla, a falta de medicação temporária poderá ter um forte impacto nos doentes, lamenta Paulo Pereira.”No caso da esclerose, a medicação serve para que a doença se mantenha o mais estável possível e para que não haja novos surtos. Estar seis meses sem medicação pode fazer com que a doença evolua e  existam novos surtos. Sai mais caro à ADSE,  e consequentemente ao Estado, não tratar os doentes”, comparou.


“Imprudência” e “leviandade” foram as palavras usadas pela associação todos pela esclerose múltipla para definir a recente medida da ADSE.

Mafalda Oliveira
Mafalda Oliveira

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