“Eu sei que é lindo”. Mini-claque canta para Pedrão e Wakaso

Cem miúdos “sempre fieis” ao Vitória SC. É o que os jogadores Pedrão e Wakaso escutam no Centro Escolar de Urgezes, no concelho de Guimarães. O ex-jogador Neno comanda a comitiva num dia diferente para todos. Pelos corredores, até chegar à Sala 1, ouve-se o hino do clube. Sentados no chão, as crianças olham para o quadro onde normalmente está a matéria diária. Mexendo as mãos que carregam cachecóis, os cânticos da claque também estão no reportório: “Eu sei que dói, eu sei que é lindo. Porque pouco importa se ficas em primeiro”. E continua…
Hoje, a lição é outra. Na tela branca está a letra do hino, escrita a preto. Não podia haver outra combinação de cores. Alguns não precisam de olhar, tal é a presença regular no Estádio D. Afonso Henriques aos fins-de-semana. Todos vestidos a rigor, alguns de camisola, outros de gorro, mais e menos atentos ao futebol, há quem tenha trazido, debaixo do braço, a caderneta dos cromos quase preenchida. O cromo exclusivo só se consegue com o autógrafo do craque em cima do autocolante.
“Sabem quem são estes rapazes?”, pergunta Neno. Poucos são os que não levantam o braço ou que dão um gritante “sim”. O mesmo não se vê e ouve quando soa a pergunta: “Todos são do Vitória?”. Não, nem todos são. Agora eles estão disponíveis para as vossas perguntas”. Duarte, de oito anos, é o primeiro a levantar o braço. Ele e o irmão gémeo, Gonçalo dão que pensar às professoras cá do Centro: “É que eles são mesmo gémeos. Às vezes não é fácil perceber quem é quem”. Mais ou menos iguais. No futebol são rivais. Gonçalo está vestido a preceito, com camisola e cachecol do Vitória SC. “Atenção que este é daqueles que vai a todos os jogos”, ouve-se. Duarte é do Benfica. Vê-se pela cor da camisola polar. Às vezes as coisas em casa não correm tão bem quando o assunto é futebol.
Pedro Henrique durante a visita ao Centro Escolar de Urgezes
Entre palmas e chamadas de atenção, as professoras vão dizendo: “Como é meninos? Centro Escolar, silêncio!”. Na conversa moderada por Neno, nem sempre é fácil controlar o entusiasmo. Assim como a comunicação com Wakaso. Ganês, domina o francês, mas ainda pouco o português. Além de que fala muito baixo. “Fala mais alto, Waka”, sugere Neno. Até que chega o Lucas, de oito anos, para facilitar a conversa. Nasceu em França e é o único capaz de manter uma conversa com o jogador. Ainda que a troca de palavras tenha sido breve.
Sobre a altura, idade e clubes por onde passaram, as perguntas chovem. Até que chega a vez de Neno regressar às questões: “Vocês sabem quando é que o Vitória SC ganhou a Taça de Portugal?”. Ao Pedro, de oito anos, o ex-jogador do Vitória diz: “Pedro, tiveste que esperar três anos para ver o Vitória a ganhar uma Taça de Portugal. Já o teu pai teve que esperar 46 anos. Já viste?”.
A iniciativa serve para incentivar as crianças ao trabalho e ao estudo, para serem melhores mesmo que não queiram ser jogadores de futebol. “Sabem que um clube não é feito só de jogadores de futebol. As meninas da comunicação andam sempre connosco. Elas também trabalham lá”, refere o ex-jogador do Vtória SC.
À saída todos têm direito a um papel. Podia ser um simples pedaço papel, mas a rubrica dos atletas fez daquela folha uma relíquia. “Eu tenho. Eu também. Fixe!”.
