“Europa não tem sido muito atractiva para os jovens”

Isabel Estrada Carvalhais, candidata independente pela lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu afirma que é preciso “reforçar uma leitura de esquerda” no projecto europeu.
Em entrevista à RUM, a docente afirma que “o Minho precisa de uma voz de esquerda na Europa”, ainda que se recuse a criticar os actuais eurodeputados eleitos por Braga (Nuno Melo e José Manuel Fernandes). “Não critico nem faço qualquer percepção negativa do trabalho de todos aqueles que têm dado o seu melhor, obviamente com a melhor das intenções pela presença do projecto europeu no Minho, não é isso que nos anima. O que nos anima efectivamente é a possibilidade de darmos aqui um contributo e acreditamos que é necessário reforçar essa leitura mais de esquerda que é uma leitura assente nas questões do reforço do pilar europeu dos direitos sociais, uma das dimensões que tem estado mais ausente no projecto europeu nos últimos anos”, defendeu.
Isabel Estrada Carvalhais alerta para a precariedade, taxas de desemprego e emigração, para defender um reforço da dimensão social. A independente refere que o distrito não ficou a salvo do sofrimento, com taxas de desemprego, emigração e precariedade. Por isso, para defender o projecto europeu, Isabel Estrada Carvalhais assegura estar “empenhada em lutar por um reforço da dimensão social”.
A número 10 do Partido Socialista ao Parlamento Europeu afirma que entre as lutas está o acesso a rendas mais acessíveis, além da criação de contratos dignos de trabalho. Isabel Estrada Carvalhais admite também que a Europa “não tem sido amiga dos jovens o suficiente”. “A Europa tem sido amiga dos jovens, não o suficiente e também não tem sido muito atractiva”, começa por admitir quando questionada sobre os jovens e este acto eleitoral. A candidata reconhece que muitos jovens tendem “a naturalizar a presença da Europa, da UE e do seu projecto e não se questiona como é que as coisas a que tem acesso cá estão”. “Muitos dos jovens nasceram num contexto em que a Europa é uma evidência, é o seu quotidiano, e quando assim é também temos de compreender que por vezes há uma banalização. Talvez no caso de muitos jovens não haja a devida consciencialização de que isto de que eles podem desfrutar do dia-a-dia não pode ser tido como um dado adquirido”, reconheceu.
A candidata do PS defende a implementação de medidas que permitam aos jovens não ter de fazer prioridades e quer “defender políticas de conciliação da vida profissional com a vida familiar”, lembrando que “muitos jovens adiam os seus projectos de família porque não encontram condições de progressão profissional”.
Isabel Estrada Carvalhais admite que a eleição de dez deputados seria extraordinário para o PS e desvaloriza as declarações do seu opositor, José Manuel Fernandes, que acusou o PS de desrespeitar o distrito. “Não vejo que seja nada desrespeitoso este 10º lugar. A verdade é que há muito tempo que o distrito de Braga não conseguia colocar alguém na lista nacional com possibilidade de eleição, e há essa real possibilidade eleição desta vez”, acredida a socialista.
Isabel Estrada Carvalhais deixou um apelo ao voto aos habitantes do distrito de Braga, alertando que a democracia “não pode ser assumida como garantida”. “Se queremos mais qualidade democrática e ter legitimidade de exigir junto das instituições europeias mais e melhores políticas sociais, temos de legitimar essa nossa exigência e isso faz-se votando. É muito importante votar, contrariar a abstenção e travar o crescimento das forças de extrema direita e dos valores neofascistas”, apelou.
