“Falta transparência na investigação animal em Portugal”
Portugal é o terceiro país da União Europeia a assinar o Acordo de Transparência sobre Investigação Animal. 16 instituições portuguesas, onde está integrada a Escola de Medicina e o ICVS, concretizaram a aliança que visa melhorar a compreensão e aceitação dos portugueses sobre a temática dos animais na ciência.
A RUM conversou com o director executivo da European Animal Research Association, Kirk Leech, que afirmou que “este é um dia histórico para Portugal”. O facto deste grupo estar empenhado em trabalhar de forma conjunta para aumentar o conhecimento e aceitabilidade da população portuguesa, no que diz respeito ao uso de animais na investigação médica, “é um passo muito importante”. “A partir de agora estas 16 instituições vão passar a ter imagens e vídeos que mostram como estes animais são tratados e para que fins”, explica.
Segundo dados da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), em 2014 foram utilizados 25 mil animais para investigação científica, em Portugal. Na Universidade do Minho, o biotério contém mais de uma centena de ratos e ratinhos que são, de acordo com o presidente da Escola de Medicina (EM), Nuno Sousa, utilizados para estudar doenças como o cancro, alzheimer, tuberculose e novas tecnologias para cirurgias pouco evasivas.
“Cada instituição tem de encontrar a forma mais apropriada para o seu público, ou seja, ter em conta o seu nível de literacia, conhecimento, faixas etárias e formas como gostam de receber a informação para conseguir melhorar os canais de comunicação. Só desta forma conseguimos construir uma sociedade mais informada”, refere o presidente da EM.
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências em Animais de Laboratório (SPCAL), Ricardo Afonso, quase tudo o que é feito em Portugal que gere polémica é “varrido para debaixo do tapete”. Por isso acredita que este acordo e em concreto os cientistas têm vindo a percorrer um trajecto no sentido de criar uma maior abertura.
Até ao final do ano Itália e Bélgica devem seguir os passos de Portugal, ao assinarem um Acordo de Transparência sobre a Investigação Animal.
