Feirantes voltam a protestar e sugerem novo local para feira

Os feirantes de Braga voltaram esta terça-feira aos protestos. Desta feita, e após uma semana em que “nada se alterou”, mais de meia centena de feirantes deslocaram-se até à porta da Câmara de Braga em protesto contra a “más condições do local” para onde a feira foi deslocalizada devido às obras de requalificação do Parque de Exposições de Braga (PEB) que vão decorrer ao longo de um ano que são da responsabilidade da InvestBraga.
Recordo que parte dos feirantes ocupam um terreno, junto à sede do Arsenal da Devesa, mas as queixas relativamente ao desnível, ao pó e às débeis condições higiénicas mantêm-se.
Carlos Valentim, um dos feirantes em protesto, explicou que, uma semana depois, a situação mantém-se, daí esta nova manifestação. “Não resolveram a situação e não contactaram ninguém. Foi-nos pedida calma para minimizar a situação, a redução das taxas está prometida, mas não nos acreditamos. Precisamos de trabalhar e se temos o artigo, temos de vendê-lo”, afirmou o feirante que confirmou ter sido “recebido por dois seguranças” à porta da InvestBraga quando tentou voltar a falar com a administração.
Também junto à Câmara de Braga, uma equipa de intervenção da PSP acompanhou o protesto pacífico dos feirantes que se reuniram com a chefe de gabinete de Ricardo Rio. Olga Pereira deixou a garantia de que, até ao final da semana, haveria uma resposta e que essa seria comunicada aos cerca de 150 feirantes nesta situação.
João Carvalho é um deles e deixou clara a ideia de que está receptivo a uma mudança de local, deixando mesmo a sugestão “de uma alternativa que está mesmo ao pé que é o largo da igreja de S. João da Ponte”. “A feira já se realizou ali, não se estraga nada, fica muito mais seguro para o trânsito, não é necessário cortar o trânsito e cabem lá os feirantes todos. Era uma solução que nos deixava contentes”, explicou.
A InvestBraga já fez saber que “não há outra solução possível” e avançou com uma redução de 20% nas taxas praticadas com os feirantes. “Pago mais de 60 euros por mês, se me reduzirem irei pagar 12. Entre me tirarem 12 euros ou eu ter condições para trabalhar, prefiro trabalhar mas não com o pó e aquelas condições todas que me estragam o produto”, sublinhou.
José Ferreira, foi outro dos feirantes em protesto e garantiu que a zona envolvente à capela de S. João da Ponte era “o sítio ideal” para instalar semanalmente a feira. O vendedor de roupa interior disse à RUM que “os feirantes querem trabalhar com limpeza, condições, higiene”. “O local em torno da igreja tem arruamentos, escoamento, luz, casa de banho e prometemos que não estragaremos um único ramo de uma árvore. Estas são pessoas que apenas querem trabalhar”, disse o feirante que fez o apelo à Arquidiocese – proprietária do terreno em torno da igreja – para que ouça os pedidos dos vendedores.
PS junta-se à CDU no apoio aos feirantes
A juntar-se ao protesto estiveram os candidatos da CDU e PS à Câmara de Braga. Carlos Almeida, também ele vereador no município e que já acompanhou os protestos de há uma semana, considerou inaceitável a falta de vontade política do executivo. “É possível fazer algo para melhorar as condições, mas não há vontade política para o fazer. A Câmara deve garantir condições de trabalho para que os feirantes possam fazer a sua actividade e daí tirar os seus rendimentos, que é disso que vivem”, referiu Almeida que frisou que a suspensão de actividade não é alternativa.
Já Miguel Corais, candidato do PS, deu conta que a situação devia ter sido antecipada pela InvestBraga quando planeou a requalificação do PEB. O socialista lembrou o tempo em que foi administrador do PEB para criticar a falta de planeamento e falta de articulação entre o município, via InvestBraga, e os feirantes. Corais explicou que há duas soluções possíveis, uma delas passa por “criar condições dignas no local actual”, outra que passa pela “ocupação da Avenida Francisco Pires Gonçalves e do parque em torno da capela de S. João”, algo só possível com a autorização da Arquidiocese. “Custe o que custar a Câmara de Braga tem que encontrar uma solução… E rápida”, exclamou Miguel Corais.
A Câmara Municipal de Braga reagiu ao início da tarde sob a forma de comunicado. O município frisou que, ao longo das últimas semanas, Câmara Municipal de Braga e a InvestBraga “têm vindo a proceder a melhorias no espaço alternativo para a realização da Feira Semanal, nomeadamente no sopé do Monte Picoto, tendo já efectuado intervenções de nivelamento do terreno e, mais recentemente, de compactação dos solos e aplicação de piso ‘tout-venant’ (composto de brita e cimento), eliminado os problemas identificados pelos feirantes, nomeadamente o excesso de pó e terra.”
