Funcionários da escola de Maximinos em protesto

Os funcionários da escola de Maximinos, em Braga, voltaram à greve na manhã desta quinta-feira.
Os 14 trabalhadores não docentes exigem ao Governo que cumpra pelo menos os rácios.
Dizem-se “exaustos e no limite”, por serem apenas 14 para cerca de 400 alunos, tendo 18 deles necessidades especiais. Pelo rácio do Ministério da Educação deviam estar colocados na escola 17 assistentes operacionais, sendo que apenas se contam, actualmente 14 funcionários.
Ainda assim, defendem funcionários e sindicato, o número “não seria uficiente” para a carga de trabalho.
Fátima Ribeiro é funcionária na escola há quase 14 anos. Protestou hoje à frente do portão de entrada por não aguentar mais esta situação.
“Temos que nos desdobrar em meia dúzia e estamos cansados. Damos horas a mais e não são pagas. Quando um professor está doente, ao fim de 30 dias, alguém o substitui, nos funcionários não. Temos que cobrir o lugar uns dos outros e não dá. Estamos cansados”, disse à RUM.
Apesar de se tratar de “uma escola familiar, onde todos se sentem bem, já não há energia”, confidenciou a funcionária.
Orlando Gonçalves, coordenador do Sindicato Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, esclarece que o número de funcionários na Escola Secundária de Maximinos é “insuficiente”, sendo necessários “pelo menos 20 funcionários para que a Escola trabalhasse com as condições mínimas”.
“Com a dimensão que a escola tem, com 18 com necessidades especiais, 14 trabalhadores é manifestamente pouco. Ainda mais, quando eles se dividem pelas 12 horas que a escola está aberta, portanto, há alturas em que estão 7 ou 8, apenas”, comentou.
O coordenador recorda ainda que “o ministro nunca recebeu a Federação e os sindicatos, algo que é demonstrativo da valorização que ele dá a esta carreira profissional”. “A secretária de Estado tem recebido a Federação pontualmente e a promessa é sempre a mesma: de que iria haver um aumento de trabalhadores para as escolas, mas na prática não se verifica e quando há algumas contratções têm sido contractos a termo resultivo certo e a tempo parcial com 3 horas a 3 horas e meia para cada trabalhador, que se inica em Outubro ou Novembro e termina em Junho. Algo que não cria estabilidade ao quadro das escolas”, descreveu Orlando Gonçalves.
Director da escola e pais solidários com funcionários
O arranque do ano lectivo não decorreu como o previsto. As portas da escola apenas reabriam às 10h30, hora a que terminou o protesto dos funcionários. O director da escola, Joaquim Gomes, está solidário com os funcionários e considera que a falta de pessoal pode vir a comprometer a segurança dos alunos.
“A prova que nos dedicamos muito à segurança é que não houve nenhum problema no 1.º período, mas a qualquer momento pode haver, porque alunos com necessidades especiais desgatam muito”, disse à RUM.
Embora sejam uma “ escola de referência para alunos cegos e de baixa visão”contam com 18 alunos com medidas adicionais, a quem têm que servir o almoço, “levar à casa de banho e há alunos que usam fraldas”. Algo que desgasta os funcionários. “Eu falei várias vezes em reuniões com os assistentes operacionais e saía sempre alguém a chorar. É a prova de que de facto estavam exaustos”, acrescentou.
Os pais também não estão satisfeitos com a situação. José Pereira é pai de um dos alunos com necessidades especiais. À RUM disse ser “urgente que se faça alguma coisa”.
“O meu filho tem necessidades especiais e acho que não está a ser bem acompnahdo, porque a escola tem poucos funcionários”, desvendou à RUM.
Dos 17 funcionários que deveriam estar colocados na Escola Secundária de Maximinos apenas trabalham 14. Sindicato e funcionários pedem mais pessoal ao serviço dos cerca de 400 alunos. Da parte do Ministério não houve até ao momento. Se assim, continuar os funcionário prometem continuar a demonstrar a sua insatisfação.
Todos os funcionários da escola protestaram esta manhã à porta da escola.
*Com Elsa Moura
Áudio:
Fátima Ribeiro, funcionária, Orlando Gonçalves, coordenador do sindicato, José Pereira, pai de um aluno com necessidades especiais, e Joaquim Gomes, director da escola, a propósito da greve
