GUIdance arranca com “Drama”, uma dança das emoções

Na descrição oficial do Guidance, Rui Torrinha, o mentor do Festival Internacional de Dança Contemporânea, escreve que a edição de 2019 sugere “um exercício transformador e vigoroso: a suprema energia do primeiro olhar sobre a criação, com o corpo no centro”.
É sob essa premissa, a da primeira criação, que se encaixa “Drama“, espectáculo de Victor Hugo Pontes, ele que é o coreógrafo convidado da nona edição do festival. A peça do vimaranense, em estreia absoluta no Guidance (CCVF, quinta-feira, 21h30) parte da obra “Seis Personagens à Procura de um Autor” do dramaturgo italiano Luigi Pirandello.
“Drama” propõe-se a seguir à risca o guião de Pirandello mas fá-lo suportado nos movimentos e expressões dos bailarinos de Victor Hugo Pontes. A obra convoca em cena as ideias da ficção e da realidade, do narrativo e do abstrato, da dança e do teatro. Para o coreógrafo interessa-lhe a ambiguidade: “Quem é que nasceu primeiro? A ficção é que imita a realidade? A arte imita a vida? Interessa-me pôr em cena as ideias, que já são em si um acto performativo”.
O texto de Luigi Pirandello remete à palavra mas Victor Hugo dispensa-a. “Drama” torna-se, por isso, difícil de catalogar. O coreógrafo descreve a peça como uma “dança das emoções”.
“Na dança contemporânea estamos habituados a ver a dança dos intérpretes: é o performer que sai, acima de tudo. Aqui, não. Aqui, os performers estão a interpretar um personagem. Está escrito, têm de respeitar as características. Por muito que a vontade do intérprete não seja essa, aqui têm de respeitar o guião”.
Respeitando o guião e em movimento, é assim que os personagens de “Drama” vão estar em palco esta quinta-feira no Centro Cultural Vila Flor. O GUIdance, festival internacional de Dança Contemporânea, arranca esta quinta-feira em Guimarães.
Áudio:
Reportagem sobre “DRAMA”, espectáculo de Victor Hugo Pontes
