GUIdance propõe o improvável encontro entre a dança e o rock

Ao segundo dia de Guidance acontece um cruzamento improvável: “No Fim era o Frio” é a peça que junta o rock dos Mão Morta aos movimentos coreografados de Inês Jacques.


A 9ª edição do Festival Internacional de Dança Contemporânea em Guimarães abraça o conceito de um primeiro olhar sobre a criação: a peça entre o rock n’ roll dos Mão Morta e a coreógrafa de Inês Jacques encaixa definitivamente na norma. A ideia partiu de uma abordagem interdisciplinar entre a banda e Inês mas foram os Mão Morta a tomarem as rédeas iniciais da peça: a banda escreveu a música e a letra e só depois entrou a coreografia.

Adolfo Luxúria Canibal, vocalista da banda bracarense, explica que o processo criativo surgiu, como habitual nos Mão Morta, através do conceito do módulo: “Queríamos trabalhar o módulo não só ao nível do fraseado musical mas também ao nível do fraseado do movimento físico”. Pensado o módulo, foi criada a música, que despoletou a narrativa, “que foi sendo feita paulatinamente”. “A partir da história, a Inês interpretou-a, subvertendo-a em termos de movimentação corporal, física e de espaço”, explicou.

Inês Jacques, artista que já conta com um percurso considerável em trabalhos de dança contemporênea, admite que o maior desafio que encontrou foi “a narrativa à partida delineada”. “Nos meus trabalhos parto de um conceito muito geral, de uma ideia, e aqui as ideias já estavam todas desenvolvidas”.

O vocalista dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal, recorda a história do conjunto, recheada de desafios. A “junção de um grupo rock com bailarinos”, diz, é algo que “sempre esteve a ecoar” na cabeça dos Mão Morta, sobretudo depois de conhecerem o trabalho de Michael Clark [também ele presente no Guidance, no dia 16].

Adolfo refere que o diferente é sempre provocador: “Não nos sentimos castrados por estarmos a partilhar um palco com mais seis pessoas e a fazer coisas diferentes do que nós fazemos: sentimo-nos, sim, mais enriquecidos e com capacidades acrescidas”.

“No Fim era o Frio”, dueto improvável entre os Mão Morta e a coreógrafa Inês Jacques, é o espectáculo desta sexta-feira do Guidance. Para ver na black box da Fábrica ASA a partir das 21h30.

Áudio:

Reportagem sobre “No Fim era o Frio”, espectáculo que marca o segundo dia do Guidance

Pedro Magalhães
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