Guimarães: “Muralha” assume-se contra o Parque de Camões

É mais uma voz contra a construção do Parque de Camões, em Guimarães. Depois da Assembleia Popular da Caldeiroa, esta segunda-feira foi a vez da associação Muralha dizer que a construção do Parque de Estacionamento não parece adequada às necessidades da comunidade e à estratégia de valorização do património Histórico.Em comunicado, a Associação de Guimarães para a Defesa do Património lamenta que não tenha havido discussão pública acerca de uma construção que dificilmente voltará atrás.
Rui Vítor Costa referiu à RUM que o processo acabou por vir à luz do dia em campanha eleitoral, “a pior altura para se discutir este género de questões”. “No entanto, há legitimidade política para quem decide. Também entendemos e percebemos que este processo dificilmente voltará atrás”, lamentou.
O presidente da associação sublinha que o Parque de Camões não irá beneficiar a fixação de pessoas no Centro Histórico, nem na zona tampão envolvente. “É importante criarmos condições para as pessoas possam ter o carro próximo. Aquilo que acontece é que as pessoas que vivem nesta zona são mais velhas e a tendência do nosso Centro Histórico é, à semelhança de outros Centros Históricos, acabar por perder pessoas”, lembrou.
O objectivo da associação é, por isso, promover uma discussão pública acerca do planeamento estratégico para o Centro Histórico. Para isso já foi requisitada uma audiência com o autarca Domingos Bragança, “para o tentar sensibilizar para estes aspectos. Queremos saber como vamos organizar isto”, referiu.
O parecer do ICOMOS acerca do impacto da construção do Parque de Camões para a candidatura da Zona de Couros a Património da Humanidade foi divulgado há algumas semanas. Rui Vítor Costa lamenta que este não seja claro. “Nos documentos, nada é muito claro. Às vezes cometem-se erros ao preservar certos elementos, como os tanques, o que não deixa de ser folclórico. É importante preservar a vivência e o património é tudo. Ainda assim, penso que o parque não colocará em causa a candidatura”, sublinhou.
Em comunicado, a Muralha defende que a autarquia deveria “apostar em optimizar os parques de estacionamento já existentes e criar, quando necessário, novos parques de menor dimensão, enquadrando e harmonizando o confronto das circulações pedonal e mobilizada, assentes na procura de proximidade, e disseminados pela cidade e respectivo perímetro urbano, que pudessem servir a população local/residente sem a concentração excessiva de automóveis numa única área”.
Recorde-se que a construção do Parque de Camões já arrancou e irá custar cerca de 7 milhões de euros aos cofres do município vimaranense. A construção tem sido contestada pelos partidos da oposição e por várias associações da cidade..
Áudio:
Rui Vitor Costa, presidente da Muralha, sublinha a necessidade de se debater o futuro do centro histórico
