Livros com RUM começou há treze anos

António Ferreira é o autor do programa dedicado à literatura que vai para o ar todas as semanas na RUM há já treze anos. A cada programa, uma conversa com o autor da obra. António Ferreira leu-as todas, de uma ponta à outra. Diz que só assim faz sentido.
“Não é um trabalho de uma vida, mas é um serviço que quase por inerência a própria rádio devia ter, à época não tinha e surgiu a ideia, um bocadinho a custo, porque não tinha qualquer experiência de rádio”, começa por recordar o autor. O objectivo é “a educação, a cultura, a literatura, o gosto, a língua”. “Sem nacionalismos, nem nada que o pareça porque o Mundo é afinal uma ervilha, mas somos escutados nos quatro cantos do Mundo”, diz António Ferreira.
Entrevistas e conversas com autores que ocupam uma hora do Livros com RUM a cada semana. António Ferreira já conversou com “autores de toda a ordem” e de diferentes nacionalidades, com destaque para a língua portuguesa, espanhola, argentina ou peruana.
Assumindo que Portugal é muito centrado em Lisboa, António Ferreira acredita que um formato desta natureza “só é possível fazer numa rádio como a RUM” e em Braga, onde não se exige, como nas outras, a rapidez, o dizer meia dúzia de palavras feitas que “não dizem nada”. “Há um público para este trabalho que estamos a fazer, os autores a começar, as próprias editoras e os ouvintes. Toda a gente sabe que isto não é crítica literária”, atira.
António Ferreira regozija-se com o facto de em treze anos não se ter sentado para uma conversa sem ter lido a obra do autor. “Não era possível um programa de uma hora sem ter lido a obra”, diz.
O mediatismo e respeito pelo trabalho realizado, quer no Livros com RUM, quer no Leitura em Dia, fazem com que a RUM seja “convidada para tudo o que há em Portugal sobre livros”.”Vou a muitos festivais e encontros literários. Somos convidados para tudo”, vinca.
“Apresentamos um programa todas as semanas que não envergonha nenhuma rádio, muito menos a nossa”
São mais de 600 edições de há treze anos a esta parte, grande parte delas com o apoio técnico de Sérgio Xavier, locutor da Universitária.
António Ferreira admite que nos dias de hoje “quem quer escreve um livro”, o que não significa que Portugal tenha assim tão bons escritores, mas considera a literatura portuguesa “excelente, com grandes romancistas e poetas”.
“A minha casa tinha muitos livros, e como tinha muitos livros, eu lia”
A paixão pela literatura é evidente. António Ferreira não esconde que é um programa que lhe dá um gozo pessoal fazer. Nesta reflexão de treze anos de Livros com RUM, António Ferreira refere que esta paixão “é o resultado de um processo educativo”. “Das primeiras imagens que tenho da minha vida é que a minha casa tinha muitos livros. E como tinha muitos livros, eu lia. Nem a leitura nem a cultura nem a educação não era uma coisa para o cidadão médio. Havia alguma elitização, mas não me posso queixar, é o resultado natural”, revelou.
