Nas mãos de Machado, toda a sucata vira obra de arte

Manuel Machado levanta-se da cama com a mesma “genica” de sempre. Cinco dias por semana, às vezes mais. Todas as manhãs, “logo pela fresca”, abre a Serrelharia Pinha para dar vida à sucata que ninguém quer. Há três gerações que a família Machado não deixa cair a arte de forjar ferro, profissão com cada menos adeptos em Portugal.

Manobra pedaços de ferro quente sem luvas, habilidade de quem o faz há mais de 40 anos. À entrada da serralharia Pinha vê-se um bengaleiro, pedaços de ferro por trabalhar e um presépio composto por madeira e sucata. Tudo é feito a duas mãos e com uma dose de criatividade.

O primeiro trabalho que fez foi um Cristo, vendido na altura por 20 contos. Ainda que sem saber bem o que estava a construir, Manuel voltou a fazer mais um, mas esse não vende a ninguém.

Perdeu a conta à quantidade de peças que tem na oficina. Pela casa de dois pisos as obras de arte estão espalhadas por toda a parte. Às vezes nem sabe “onde meter tanta tralha”. Não fez fortuna com o ferro, mas até porque esse nunca foi o objectivo. “Até podia ter outro trabalho, mas acho que não ia ser tão feliz. Eu gosto muito do que faço”.

A arte em ferro forjado tende a desaparecer. Trabalho duro, sujo e pouco rentável que não desperta o interesse dos jovens.”Se entrar aqui um jovem para aprender a arte está aqui um dia e não vem mais. Eu costumo dizer que eles [os jovens] querem um emprego e não um trabalho”.

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Paulo Costa
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