Nova Galeria do Largo do Paço acolhe “A Brigada do Minho”

A Galeria do Largo do Paço vai contar, até 30 de Dezembro, com centenas de peças históricas que retratam a presença dos soldados portugueses, nomeadamente, do distrito de Braga e Viana do Castelo que pertenceram à “Brigada do Minho” nome da exposição que foi inaugurada ao início da noite desta segunda-feira.
O investigador, Manuel Penteado Neiva, foi “ao longo de vários anos” recolhendo milhares de cartas, diários de guerra, equipamento, entre outras peças para combater a falta de informação sobre os homens que seguiram da região minhota. Uma colecção tão vasta que permite a exposição em vários locais em simultâneo. As peças são o resultado de anos de viagens e contactos com arquivos para recolher informação sobre estes jovens soldados que participaram na primeira grande guerra.
Penteado Neiva explicou à vasta plateia de estudantes do segundo ano da licenciatura de História da Universidade do Minho, que este foi um processo de “abrir caixas com mais de cem anos”. A maioria dos combatentes “não gostava de falar sobre o assunto”, confessa, muito devido à censura do Estado Novo que queria abafar, a todo o custo, a falta de preparação dos soldados.
Na apresentação do espólio, o investigador explicou que conta com mais de 400 cartas de um só soldado que escrevia para a família. Ao longo da sessão foi analisada a importância dos “diários de guerra” que contra argumentam as versões dos superiores. Quando questionado sobre a peça mais especial da colecção, Penteado Neiva, não hesita e refere “uma carta de um combatente de Barcelos datada de 4 de Setembro de 1917 que é o primeiro documento a fazer referência às aparições em Fátima”.
Para a vice-reitora da Cultura, Manuela Martins, este é o exemplo perfeito daquilo que a UMinho espera da Galeria do Paço, “um espaço de cultura, memória e reflexão”. Sinónimo perfeito deste espólio que representa todas estas qualidades para o público em geral.
No caso do estudante do segundo ano de História, Tiago Araújo, esta é “uma parte da história que tem vindo a ser ignorada”. O aluno confessa que esta sessão foi muito “enriquecedora”, principalmente, os factos históricos referentes às cartas dos combatentes, em especial a referência às aparições.
O investigador criticou, durante o seu discurso, a forma como as comemorações do armistício da Primeira Guerra Mundial passaram ao lado na região minhot, que tanto contribuiu para “A Brigada do Minho”.
Áudio:
Declarações do investigador, Manuel Penteado Neiva e da Vice-reitora para a Cultura, Manuela Martins.
