Novo circo invade o Minho e aposta na criação nacional

Três cidades, quatro dias, 10 espectáculos, dos quais três são estreias absolutas e quatro estreias a nível nacional. Apresenta-se assim a quinta edição do Festival Vaudeville Rendez-Vous. Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão são palco do evento que contará com 21 apresentações, de 25 a 28 de Julho. A programação foi revelada esta sexta-feira, em Guimarães, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.
A programação do festival de circo contemporâneo conta, ainda, com várias atividades orientadas pelo Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), o habitual Showcase para programadores internacionais e ainda a realização de um debate sobre a nova vaga de artistas nacionais de circo contemporâneo. Este é o terceiro ano que o festival acontece em três cidades, tendo nascido em Famalicão, onde se realizaram as duas primeiras edições.
“Não temos paralelo, a nível nacional, de uma região que consiga reunir toda esta força, que vai desde da programação em teatros, em festivais e ao nível da formação”, explicou Bruno Martins, o programador, salientando que este “é um festival de apoio à criação”. Prova disso são as três coproduções em estreia absoluta: do INAC, “Esboço para Paraísos”, da companhia Radar 360º, “ARQUÉTIPO – ACTO III e da companhia Oliveira & Bacthler, o “Kadok”.
Quanto à restante programação, são três os espetáculos de origem francesa e belga que se estreiam na quinta edição do Festival Internacional Vaudeville Rendez-Vous. Boat – Transe Poétique é trazido pela companhia francesa Hors Surface que se estreia a nível nacional, em Famalicão. Há ainda para ver o espectáculo “Flaque” da companhia De Fracto. Além disso, a companhia Cirque Rouages estreia Sodade, que encerra o festival, em Guimarães.
A programação do festival completa-se com Dame du Cirque, Phasmes e Saut. Três espetáculos apresentados por companhias com várias influências, nomeadmente nacional, espanhola, francesa e também do Camboja. Dame du Cirque será apresentado no dia 28, às 11h00, em Braga. A companhia Libertivores (França/Camboja) faz chegar Phasmes ao Festival Internacional Vaudeville Rendez-Vous. Saut, o nome do espetáculo apresentado pela companhia Le Colletif Bigbinôme, significa “salto” em português e “não poderia ser mais elucidativo daquilo a que o público pode assistir”.
“Minho é o território do novo circo”
Para os representantes da cultura em cada um dos municípios, o Vaudeville Rendez-Vous faz da região “o território do novo circo”. De forma a que o festival chegue ao Quadrilátero na sua plenitude, o município de Barcelos estará também interessado em integrar o festival que, independentemente do futuro dos apoios concedidos pelo Estado, terá continuidade, asseguraram os representantes municipais. Cada um dos municípios contribui com 40 mil euros por ano, dos quais cerca de 70% provêem de apoios estatais.
O vereador da cultura em Famalicão, Leonel Rocha, frisou que esta é “uma aposta ganha”. “É uma satisfação enorme ver o crescimento do festival. Já na altura do lançamento, há cinco anos, soava a estranho este tipo de festival. É algo novo que não é muito costume ver no território nacional. Foi um risco assumido e algo de visionário. É uma aposta cultural diferente que queríamos fazer e que agora verificamos que foi ganha”, elogiou.
A vereadora da cultura na Câmara de Braga, Lídia Dias, referiu que o festival de circo contemporâneo acabou por ter um grande impacto na programação da cidade. “Os três municípios estão muito satisfeitos com esta aposta que nos foi lançada há três anos. Na altura, entendemos que Braga não podia ficar à margem do projecto. Desde que as nossas avenidas e praças começaram a ser invadidas pelo festival, houve um aumento crescente do interesse da nossa comunidade, o que nos «obrigou» a incluir noutros eventos que a cidade promove o circo contemporâneo e estas novas linguagens”, disse.
Do lado de Guimarães, Paulo Silva esteve em representação da vereadora Adelina Pinto e falou sobre a relevância que o festival tem para a união do território. “Este é um território que não vive de qualquer título ou aposta individual. Esta é uma região que tem responsabilidades acrescidas nesta área da cultura. Estamos a falar de um território que num contexto nacional será o terceiro polo cultural do país”, disse.
Áudio:
Bruno Martins, programador, fala sobre a 5ª edição.
