O último apelo do presidente da ACIG para impedir a insolvência

Com 153 anos de existência, a Associação Comercial e Industrial de Guimarães (ACIG) enfrenta um dos momentos mais negros da sua história. As dívidas avultadas e o estado real da ACIG surpreenderam, apesar de tudo, a direcção empossada em Maio do ano passado. O estado financeiro a que chegou levou a direcção a fazer tudo para evitar o seu encerramento e a última jogada possível é conseguir vender o edifício da ACIG, em pleno centro histórico da cidade berço. Só com a injecção de mais de três milhões de euros é que a ACIG se pode salvar. Caso o negócio não se concretize, a ACIG fechará as suas portas, deixando de representar um concelho e uma região conhecida pelo seu potencial industrial.
Actualmente, a ACIG conta com onze funcionários, eram 27 no quadro há cerca de um ano. Os salários em atraso levaram um grupo de pessoas a sair e a reclamar judicialmente os seus direitos, pedindo a insolvência da ACIG. Seguiu-se um PER para o evitar. Entretanto, outro grupo de funcionários foi dispensado – quatro – que teriam ordenados entre 1700 e mais de 3000 euros por mês, uma despesa demasiado pesada face à situação financeira, explicou o dirigente. “Quando queremos sobreviver temos que tomar algumas medidas que custam imenso”, começou por dizer Filipe Vilas Boas, presidente da ACIG desde Maio de 2018, dando nota da saída das referidas quatro pessoas por opção da direcção. Já as onze que continuam, permaneceram sem receber.
Esta terça-feira, em entrevista ao programa da RUM Campus Verbal, Filipe Vilas Boas, empresário e presidente da ACIG disse não se arrepender de se ter candidatado, apesar de assumir que desde que assumiu a presidência “não houve um dia em que recebesse uma boa notícia”.
“Tenho amigos que me perguntaram porque é que me meti naquilo, outros ainda me dizem para sair logo que possa, mas isso não encaixa de todo com a minha maneira de estar na vida”, confessou.
Assinalando que as pessoas “vivem cada vez mais a preocupar-se com elas próprias ou com um grupo muito restrito”, o presidente da ACIG refere que esse “não é o nosso papel na sociedade” e não pode haver problema nenhum “em tentar salvar seja quem for”.
Filipe Vilas Boas confessou que a sua equipa “tinha muito boas ideias”, mas “nunca houve uma boa notícia” em todos estes meses. “Faltava sempre dinheiro. Sempre problemas, até de licenças”, atirou.
O presidente da ACIG vincou que “não tem medo de conotações de que não foi capaz de salvar a associação” e promete lutar até ao último dia, ainda que reconheça nesta altura que é cada vez mais difícil. “Se me custa não ter conseguido? Custa-me imenso”, respondeu, antecipando o pior cenário.
“ACIG merecia que os empresários se juntassem e comprassem o edifício para a salvar”
O edifício foi entretanto colocado à venda por mais de três milhões de euros. O presidente da ACIG pede a ajuda dos empresários do concelho e da região, inclusivamente do concelho de Braga. É a última alternativa para salvar a ACIG do encerramento. “Estamos a falar de muitos milhões de euros que aquela associação cativou para investir no território, e só por si merecia que os empresários ou grupos de empresários se associassem e dessem essa possibilidade de a ACIG continuar a trazer esse investimento, e para continuar precisa de uma casa e de ter pelo menos capacidade de tesouraria para fazer frente àquilo que são os compromissos diários de qualquer instituição”, sublinhou. O valor pedido “cobre as despesas” e permite “pagar a quem a ACIG deve”.
Filipe Vilas Boas assinala que ao longo do tempo “apelou a todos para virem ajudar” e diz também que está a liderar uma associação “que é de muita gente”, considerando que todos se deviam envolver mais e ajudar.
Vender o edifício significaria “renascer” olhando para o futuro e voltando a “posicionar a associação no contexto actual da economia”, defendeu.
