Órgão, Fado e Cante Alentejano numa junção inédita em Braga

O Festival Internacional de Órgão de Braga está de regresso para a sexta edição. O programa foi conhecido esta quarta-feira, na Igreja dos Terceiros: estão previstos, para entre os dias 10 e 19 de Maio, sete espectáculos, uma visita guiada e uma formação para organistas.
Após cinco edições, a principal novidade deste ano é a junção inédita entre o órgão, o fado e o cante alentejano. No dia 15, o espectáculo previsto na Basílica dos Congregados junta o organista Paulo Bernardino, a guitarra portuguesa de Marco Quaresma e a voz da fadista Ana Ferreira. No dia 18, os Cantadores da Aldeia Nova de São Bento (Serpa) unem-se com o organista Thierry Mechler, na Igreja de Santa Cruz.
O director-artístico do Festival, José Rodrigues, explicou que a reunião entre o órgão, o fado e o cante corresponde a “uma nova experiência e aposta da programação deste ano” pretendendo igualmente enaltecer o Património da Humanidade “de duas formas da voz em português” e “chama a atenção para o carácter patrimonial do órgão, muitas vezes esquecido”. O órgão tocado com o fado e o cante alentejano, afirmou José Rodrigues é “algo que nunca foi ouvido no mundo”.
A edição deste ano do festival não investe só nas vozes do fado e do cante mas também em coros e cantores sopranos e barítonos. José Rodrigues esclareceu que “o tema que norteia [o certame] é o órgão e a voz.” “Partimos deste mote para explorar os diferentes timbres da voz humana, a solo ou em grande coro, mas também para conhecer as vozes do órgão: este instrumento tem características semelhantes ao ser humano, os foles são os pulmões, boca os tubos e a voz que é o som que cada tubo produz.”
O regresso do Órgão Ibérico da Igreja dos Terceiros
Presente na apresentação do programa esteve a vereadora da Cultura em Braga, Lídia Dias, que aproveitou para enaltecer a reputação do festival. A autarca frisou que o certame, que este ano tem um custo total de 30 mil euros (14 mil da autarquia) já ultrapassa a dimensão cultural e “é uma atracção turística na cidade”, opinião que José Rodrigues corrobora: “através das redes sociais percebemos que há gente da Austrália que vem de propósito”.
O festival tem a vontade de se reinventar ano após ano. Além da junção da voz com o órgão, outra das grandes atracções está reservada para o concerto do dia 12 de maio, que junta o organista Arturo Sevillano e o cantor Sebastia Peris. O espectáculo tem a particularidade de utilizar o órgão da Igreja dos Terceiros, silenciado há mais de 70 anos. José Rodrigues explicou que o órgão “possui perto de mil tubos, reúne trompetas horizontais, teclado dividido e uma riqueza extraordinária de timbres”.
Formação e entrega de prémio
O Festival será também momento para a apresentação do vencedor do primeiro Concurso de Composição para órgão ibérico, cujas obras se encontram em fase de seleção pelo júri. O cónego José Paulo Abreu revelou que o prémio terá o patrocínio da Signinum. Além do prémio, o festival, disse José Paulo Abreu, vai produzir um CD e uma publicação, realizada por José Rodrigues, sobre os órgãos de Braga.
O Festival vai ainda proporcionar, no dia 18 de maio, um workshop de formação para organistas paroquiais, amadores e estudantes de música, onde se dará a conhecer um pouco mais sobre as técnicas do órgão.
O Festival Internacional de Órgão de Braga é organizado pela Arquidiocese de Braga, pelo município de Braga, pela Irmandade de Santa Cruz e pela Santa Casa da Misericórdia de Braga.
Áudio:
José Rodrigues, director-artístico do Festival, e Lídia Dias falam sobre a sexta edição do certame
