PS e CDU entregam proposta de classificação da Confiança

[Em Actualização] A oposição solicitou, esta manhã, na reunião de câmara, a retirada do ponto de alienação da antiga fábrica Confiança, pedido imediatamente rejeitado por Ricardo Rio, presidente do município de Braga.
Depois de uma longa e acesa discussão, a proposta foi aprovada com os votos favoráveis de Ricardo Rio, Firmino Marques, Miguel Bandeira, Sameiro Araújo e Altino Bessa, e os votos contra de Artur Feio, Miguel Corais, Liliana Pereira e Carlos Almeida. Lídia Dias e João Rodrigues estiveram ausentes da reunião.
Entretanto, os vereadores do PS e da CDU indicaram que os respectivos partidos vão dar entrada de uma proposta de classificação da Confiança como bem Cultural. Carlos Almeida, vereador da CDU, defendeu que “não há pressa para se tomar uma decisão hoje”, pedindo a retirada do ponto “para discussão e envolvimento de todos”. O vereador comunista lembrou que a questão já tinha sido levantado em 2017 e que Ricardo Rio, no caderno eleitoral, inseriu duas opções, mas o autarca insiste que os eleitores de 2017 sabiam da intenção da câmara e que o assunto foi discutido.
Ricardo Rio fez questão de sublinhar que mais de cinco mil bracarenses reforçaram a confiança na coligação nas últimas autárquicas, o que ajuda a legitimar a decisão hoje tomada, uma vez que a mesma constava no programa eleitoral. Já Carlos Almeida avisa que este tema, se foi discutido, foi apenas no seio da coligação. A CDU pediu ainda que, não sendo possível ao município reabilitar já, que espere pelo próximo quadro comunitário em 2021.
Miguel Corais, vereador do PS, considera que esta decisão fere o compromisso de Ricardo Rio no primeiro mandato que venceu, em 2013. Já a socialista Liliana Pereira recordou posições públicas de Firmino Marques de há quinze anos para cá, enquanto presidente da junta de S. Victor.
Por seu turno, Artur Feio, vereador do PS, lembrou que “à mesa do executivo estão hoje pessoas que em 2013 tinham posições completamente diferentes”, insistindo que “ninguém percebe o porquê desta alienação neste dia”.
Ainda no decorrer da discussão, Miguel Corais frisou que o protagonismo dado a Ricardo Rio por Mesquita Machado, por ocasião da discussão para aquisição daquele imóvel, foi “um elogio à democracia e à cidadania”. O socialista defendeu ainda que “uma expropriação não é para depois se fazer um negócio imobiliário”.
A discussão deste ponto foi longa e acesa. A dimensão cultural daquele espaço, por várias vezes argumento dos vereadores da oposição, acabou por ser praticamente desvalorizada por Ricardo Rio. “Tenho acompanhado o debate público dos últimos dias. Há opiniões divergentes. A dimensão cultural nem é um fim consensual”.
Rio ironizou ainda com esta questão, apontando que “a Confiança não se transformou na prioridade das prioridades” e lembrou que durante vários anos “toda a gente alinhou que a Confiança fosse entregue à AAUM”. O autarca explicou que o município não vai condenar aquele edifício a mais cinco anos de imobilismo. Por seu turno, Artur Feio avisou que a coligação será “liquidatária do património industrial de Braga” e que tudo isto não passa de “uma opção política”.
“Estamos totalmente legitimados para a opção de hoje”, rematou Ricardo Rio.
Na reunião de câmara desta manhã estão presentes algumas dezenas de cidadãos.
