QUERCUS sugere refundação da floresta portuguesa
A QUERCUS está apreensiva com a terceira vaga de incêndios que assola o território nacional. A associação ambientalista refere, num comunicado enviado à RUM, que a situação está a colocar em causa a sustentabilidade da floresta nacional.
A seca extrema e severa da vegetação, associada às condições meteorológicas adversas, está a aumentar os impactes dos incêndios florestais. Domingos Patacho, coordenador do Grupo de Trabalho das Florestas da Quercus, explicou, em conversa com a RUM, “que parte da área que está a arder é terceira vez que arde em 30 anos”, explicando que “no caso dos pinhais, deixa de haver sementes novas e vão começar a existir apenas áreas de mato, em que os solos com cinzas são arrastados para as linhas de água”, lembrando que “será muito difícil o restabelecimento da floresta”. Para isso, o responsável sugere que “se actue preventivamente, evitar que a área arda e não deixar chegar a floresta a esta situação”.
Domingos Patacho vai mais longe e pede uma reflexão “muito ampla em torno da floresta nacional”.
“Tem que haver uma restruturação. Mais do que uma reforma, tem que haver uma refundação da floresta nacional”, sublinhou o coordenador da QUERCUS que explicou que devem existir nas florestas “vales com culturas agriculturas, com salgueiros, carvalhos e sobreiros que são espécies mais resistentes e evitar áreas de eucaliptal mal geridas”.
A QUERCUS sugere que, mais do que os especialistas, esta discussão mobilize a sociedade portuguesa, uma vez que é esta que será afectada pelo que está a acontecer nas florestas. “A sociedade tem que actuar mais do ponto de vista preventivo. “A floresta tem que ser diferente do que era até agora se quisermos evitar estes problemas no futuro”.
“O incêndio de Pedrógão foi a 17 de Junho. Pensámos que seria o grande incêndio do ano, mas agora percebemos que não. É preocupante perceber que isto ainda não acabou. O Verão ainda vai a meio e preocupa-nos a recuperação, que é muito difícil, de uma área demasiado grande”, acrescentou o responsável que frisou que o problema “é muito complexo”.
