Rede de autocarros eléctricos em Guimarães? “Um disparate”

“Economicamente e operacionalmente um desastre”. É assim que o presidente da ARRIVA Portugal, Manuel Oliveira, encara a ambição do presidente da Câmara Municipal de Guimarães (CMG) de criar uma rede eléctrica de autocarros em todo o concelho.
A ARRIVA é a actual detentora da concessão dos Transportes Urbanos de Guimarães (TUG). A partir de Dezembro de 2019, à semelhança de outras autarquias, a CMG vai assumir-se como Autoridade Municipal de Tranportes. O presidente do município vimaranense já assumiu a ambição de criar uma Empresa Municipal de Transportes, na qual todos os autocarros seriam eléctricos.
Manuel Oliveira foi esta quinta-feira convidado do “Pequeno Almoço Com..”, uma iniciativa dos Transportes Urbanos de Braga e falou sobre a ambição do autarca Domingos Bragança. “Eu já lhe disse. Economicamente, é um desastre. Não sei se é incomportável para a autarquia, porque apenas a Câmara sabe os meios financeiros que tem disponíveis. Actualmente, nem o carro é capaz de suprir as necessidades, além de ser mais dispendioso”, explicou.
Guimarães já tem em circulação um autocarro 100% eléctrico. A aquisição, por parte da Arriva, só foi possível depois de se aumentar a idade média permitida dos autocarros na frota dos TUG, que passou de 8 para 10 anos. A idade máxima manteve-se nos 16 anos. Uma situação impossível caso se adquiram apenas autocarros eléctricos, defende Manuel Oliveira. “Domingos Bragança já varias vezes disse que, no concurso que se avizinha de 2019, quer tudo eléctrico no concelho. Depois já disse que será tendencialmente eléctrico. Se fosse tudo eléctrico, tudo teria que ser novo e não de segunda mão. Daqui a 16 anos, teria que se comprar toda uma nova frota. Tecnicamente, é um disparate total”, criticou.
A mobilidade eléctrica ainda não é eficiente o suficiente para se pensar numa frota composta apenas por autocarros eléctricos, defende Manuel Oliveira. “No que toca a comparação entre custos operacionais e emissões, não dúvidas da sua eficiência. Mas, actualmente, não são capazes de cumprir as capacidades de serviço. Não há nenhuma rede, em nenhum país, neste momento, preparada para garantir as necessidades de serviço, com a frota de autocarros eléctricos, porque eles não tem autonomia suficiente”, explicou.
“Ninguém sabe o que vai acontecer aos transportes em 2019”
O actual presidente da Arriva diz-se ainda preocupado com os tranportes do país, quando, a partir de 2019, os municípios se assumirem como Autoridades Municipais de Transporte. “Os municípios só poderão actuar no território do seu concelho, ainda que possam acordar algumas coisas entre si. Por exemplo, no caso de Guimarães – Famalicão, que conheço bem, se não houver um entendimento, pode criar duas redes internas mas que não servem a ligação entre municípios”, avisou.
Áudio:
As previsões apontadas pelo presidente da empresa de transportes de passageiros, esta quinta-feira.
