Relação médico/paciente candidata a Património Imaterial

Centenas de profissionais de saúde oriundos de todo o mundo marcaram presença na International Conference on Communication in Healthcare, na cidade do Porto. É um dos maiores congressos na área da comunicação clínica a nível mundial. Em debate esteve a importância de tornar a relação entre médico e paciente Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Para Pedro Morgado, professor na Universidade do Minho, este reconhecimento “faz todo o sentido” quando a matéria em questão está relacionada com uma relação pautada “de grande confiança, respeito e confidencialidade”. Características que fazem a diferença, principalmente, quando os doentes estão vulneráveis, lembra.
O médico psiquiatra confessa que neste aspecto a Universidade do Minho é um exemplo a seguir para outras instituições de ensino superior que não atribuem o devido valor a esta “competência nuclear”. Pedro Morgado afirma que para ser um bom profissional “não basta conhecer bem as doenças”. É fundamental saber comunicar com os pacientes para que se sintam confortáveis e seguros.
“Estas características não se aprendem em seminários ou em aulas teóricas. Na UMinho os estudantes de Medicina passam pelo Laboratório de Aptidões Clínicas que tem um programa de pacientes (actores) que servem de “cobaias” para que os alunos possam treinar estas competências. No final do exercício, os professores dão feedback sobre a performance de cada estudante”, explica.
Recorde-se que a ideia de candidatar a relação médico/doente a património imaterial da humanidade partiu inicialmente da ordem dos médicos de Espanha e contou desde logo com o apoio dos médicos portugueses. Esta semana o Governo, pela voz do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, confirmou apoiar a proposta. O ministro considera que se trata de “uma ideia original”.
Áudio:
Pedro Morgado, médico e professor da UMinho, aponta motivos para que a relação entre médico/doente seja candidata a Património Cultural Imaterial.
