Renan Colombo olha para as fake news como “um argumento de ataque ao jornalismo profissional”
As fake news são “um novo instrumento de campanha política” e “um argumento de ataque ao jornalismo profissional”. Estas foram as principais ideias deixadas esta quinta-feira por Renan Colombo, no segundo de três dias do congresso internacional “Repensar a imprensa no ecossistema digital”, que se realiza na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa, em Braga.
Para as eleições presidenciais no Brasil, realizadas em 2018, o investigador foi um dos responsáveis pela criação do projeto Comprova, uma plataforma que teve o objectivo de verificar a veracidade das informações divulgadas nas redes sociais e na internet, em geral, durante o período eleitoral. Renan Colombo considera que as as notícias falsas têm cada vez mais impacto em sufrágios. “As fake news são um novo instrumento de campanha política”, afirmou o investigador à Lusa.
Durante o período eleitoral, o investigador observou “um uso muito intenso das fakes news como uma ferramenta para a contaminação do ambiente informativo”, com o objectivo de “excercer alguma influência sobre o eleitorado ou trazer algum tipo de prejuízo à imagem do ambiente”.
As fake news, que, no seu entender, não são o termo mais correto – “do ponto de vista científico, a gente prefere false news” -, são “um argumento de ataque ao jornalismo profissional.” O investigador acha ainda “impossível provar” a existência de uma relação causa-efeito no que diz respeito aos resultados eleitoriais.
Ainda assim, acredita que este mecanismo utilizado nas campanhas por parte dos políticos teve influência nas eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, em 2016, e no Brasil, em 2018, e no Brexit, no mesmo ano. Aproximando-se as eleições legislativas em Portugal, o investigador alerta a população portuguesa para o perigo das fake news, já que “o ciclo eleitoral é um período muito fértil para proliferação de notícias maliciosas, quase sempre falsas e enganosas”.
Além da política, o investigador brasileiro considera que a saúde é um dos temas mais sensíveis quando confrontado com este fenómeno porque “as pessoas não têm o conhecimento necessário”. De forma a combater o problema das fake news, Renan Colombo dá algumas dicas aos cidadãos: verificar se a notícia foi publicada em algum órgão de comunicação social profissional, se existe identificação das fontes e ver a data em que a informação foi divulgada.
TBG
