Ricardo Rio recusa “poupar para deixar cofres cheios”

O executivo municipal de Braga aprovou esta segunda-feira, com a abstenção da oposição, a contratação de um empréstimo de oito milhões e meio de euros. O objectivo é acelerar projectos que ficaram em carteira. Ricardo Rio afirma que “não faz sentido gerar poupanças para que no futuro se encontrem cofres cheios”, sustentando que o importante é “não deixar ossos nos armários”.
Esta segunda-feira, no decorrer da reunião do executivo municipal, o autarca explicou as motivações para a contratação de um empréstimo que permitirá pagar a realização de vários projectos já anunciados, entre eles o S. Geraldo e a Pousada de Juventude.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião de câmara, o autarca lembrou a política de “muito rigor e contensão em termos de despesa” levada a cabo pelo seu executivo nos últimos quatro anos permitiu ao município reduzir, no conjunto do universo municipal, mais de sessenta milhões de euros de dívida. “Temos vindo a reduzir os próprios encargos financeiros e embora tenhamos alguns processos por resolver, estamos prestes a libertar uma parte de recursos de empréstimos que vão terminar nos próximos meses”, explicou.
Por isso, frisa Ricardo Rio, “não faz sentido uma política de gerar poupanças para que no futuro alguém venha encontrar os cofres cheios”. “É importante não deixarmos ossos nos armários, mas outra coisa é deixarmos ‘filé mignon’ para que outros estejam a gastá-los”, atirou. O autarca sustenta que a situação financeira da câmara está “relativamente controlada” permitindo, por isso, “dar condições para concretizar estes investimentos sem pressionar excessivamente os orçamentos actuais”.
O empréstimo, na ordem dos 8,5 Milhões de euros, será direccionado para projectos que não têm perspectiva de financiamento comunitário, entre os quais a requalificação do S. Geraldo, a Pousada de Juventude, a requalificação da Rua Costa Gomes, a reabilitação do aqueduto de acesso da Avenida Robert Smith à Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires, a regularização do rio Torto/Variante do Cávado, assim como a requalificação do edifício multiusos Dr. Francisco Sanches.
O objectivo deste empréstimo é “acelerar projectos que o município tem em carteira”. No entanto, a autarquia deverá em breve submeter novos pedidos de empréstimo ao abrigo de uma linha disponibilizada pelo governo para financiamento a projectos que estão candidatados a fundos comunitários.
PS e CDU abstiveram-se na votação
Os vereadores socialistas consideram que o investimento podia ir mais longe. “É uma medida de gestão, mas todo o plano de investimento que se apresenta não traz nada de significativo. Era importante aproveitar a folga para projectos estruturantes, tirando o Rio Torto, que merece solução”, defendeu Miguel Corais.
Já o vereador da CDU levantou algumas dúvidas sobre a verdadeira utilização do valor total do empréstimo. “Não é fácil perceber, em concreto, no que é que o município vai investir estes 8.5 milhões. Provavelmente alguns projectos vão cair, outros vão passar a ser financiados por outras linhas de financiamento, daí esta certa ambiguidade no plano da gestão financeira, que para quem está fora da governação municipal é difícil de acompanhar”, apontou Carlos Almeida.
Áudio:
Justificação da contratação do empréstimo e a perspectiva dos vereadores da oposição
