Ricardo Rio visitou o Bairro do Picoto e admite reconstrução

Ricardo Rio admite a possibilidade de reconstruir o bairro do Monte Picoto. O presidente da Câmara de Braga esteve esta tarde no bloco habitacional e ouviu as queixas dos moradores. A degradação das 50 habitações que compõem o bairro construído há pouco mais de duas décadas é visível pelo exterior mas os moradores relataram a falta de condições no interior. Referiram condições “desumanas”, onde a humidade e a falta de espaço no seio das casas assumem proporções pouco dignas. 

“Isto não é um bairro, é um gueto”, soltou um dos moradores. “Preferia uma vista má e condições em vez disto”, afirmou outro, apontando para uma das poucas valias do Bairro, que passa pela paisagem do local para a malha urbana da cidade de Braga.

Ao ouvir as queixas dos moradores, Ricardo Rio ia respondendo que a solução mais clara seria a reabilitação do Bairro. Já a opção pelo realojamento, uma hipótese levantada esta tarde mas que já vem de há largos anos, foi declinada pelo autarca, que apontou à escassez de habitações no concelho.  Apesar de a reabilitação ter sido assinalada ao ouvir as queixas dos moradores, Ricardo Rio visitou o interior das casas e, no final, admitiu que a melhor solução passa pela construção, de raíz, de novas habitações e não pela reabilitação.

“A solução não passa pela reabilitação porque não há condições para isso. Como se percebeu, houve muitos erros de construção, com materiais que nunca deveriam ter sido utilizados para fins residenciais. É difícil visitar este espaço e não dizer que não houve, na altura da construção, o mínimo de cuidado com a dignidade das condições de habitação destas pessoas”, referiu.

A reconstrução do Bairro implicará custos elevados e Ricardo Rio avançou que o financiamento vai passar pela obtenção de fundos comunitários. “Há duas vias fundamentais: as políticas nacionais de habitação que têm vindo a ser implementadas pelo actual Governo; ou as linhas de financiamento comunitário no âmbito do Portugal 2020, onde ainda haverá verbas disponíveis para este efeito”. As verbas disponíveis são limitadas ao tempo o que cria, segundo o presidente da Câmara de Braga, “uma pressão sobre os serviços [camarários] para tentar, o mais cedo possível, uma solução e, partir daí, concretizá-la”.

Moradores satisfeitos com a visita

Foram vários os moradores que interpelaram Ricardo Rio. Hugo Salazar foi o mais interventivo e, aos jornalistas, revelou que o autarca mudou de opinião após a visita ao interior das casas do bairro do Monte Picoto. “O presidente disse-nos que vai tentar arranjar uma solução para reconstruir o bairro porque uma coisa é falar, outra é ver. Depois de ver as condições das casas chegou à conclusão que estão degradadas”.

A possível reconstrução do Bairro do Monte Picoto pode deixar, no período em que obras decorrerem, os actuais moradores sem tecto. Hugo Salazar considerou que a solução para esse imbróglio terá de ser encontrada em conjunto com responsáveis do município e da Bragahabit. O morador confirmou ainda que as rendas – estipuladas no valor mensal de 21 euros – não são pagas há já vários meses, explicando que a Bragahabit não se opõe ao atraso atentendo às condições das casas.

O Bairro do Monte Picoto foi construído ilegalmente em 1998 já que os terrenos não pertenciam ao município mas sim à arquidiocese de Braga. No início deste ano, o executivo bracarense comprou os terrenos por 200 mil euros e o objectivo passa agora por reconstruir as cerca de 50 habitações visivelmente degradadas.