SC Braga sem argumentos para travar maior poderio do PSG

A equipa feminina do Sporting de Braga não conseguiu contrariar o favoritismo do Paris Saint-Germain e foi goleada esta quinta-feira por 0-7, no Estádio Municipal, na primeira mão dos 16 avos-de-final da Liga dos Campeões. Num jogo em que as minhotas tiveram sempre dificuldades em chegar à área contrária, a diferença de qualidade entre os dois conjuntos foi evidentes em vários momentos do encontro.

Desde cedo se percebeu que as francesas iam ter o domínio da posse de bola. Depois de um início de primeira parte em que o SC Braga se mostrou concentrado a defender, a qualidade técnica e a velocidade de Kadidiatou Diani vieram ao de cima. Aos sete minutos, a atacante de 24 anos passou por três adversárias e foi apenas travada em falta por Diana Gomes. Na conversão do penálti, Marie Katoto não vacilou, apesar de Rute Costa ter adivinhado o lado. 

A supremacia parisiense continuou a ser um fator constante. Ainda assim, o SC Braga não permitiu grandes chances ao PSG nos minutos que se seguiram, tendo mesmo conseguido causar algum perigo junto da baliza de Christiane Endler, aos 28. Pressionada por Shade Pratt, a guarda-redes chilena foi obrigada a colocar a bola fora.

Aos poucos, as minhotas iam conseguindo respirar, mas a maior qualidade do conjunto de Olivier Echouafni voltou a notar-se. Após um perda de bola das minhotas em zona proibida, Marie Katoto não se fez rogada e fez o 0-2, bisando na partida, após passe de Sara Däbritz.

O SC Braga sentiu animicamente o golo e, passados nove minutos, Formiga, jogadora de 41 anos, aproveitou mais uma assistência da atleta alemã para dilatar a vantagem. Até ao final do primeiro tempo, ainda houve tempo para a árbitra finlandesa Lina Lehtovaara exibir o cartão amarelo a Perle Morroni, do lado parisiense.

Desconcentração inicial e fadiga na reta final levaram ao avolumar do resultado

A segunda parte começou com uma substituição promovida por Miguel Santos. A defesa central Diana Gomes, que durante a primeira parte se queixou da coxa direita, foi substituída pela avançada Francisca Cardoso. Essa mexida fez com que a lateral-direito Rayanne Machado derivasse para o eixo defensivo e a extremo Shade Pratt recuasse para a posição da colega brasileira. 

Ainda com a formação bracarense a ambientar-se a esta nova configuração das atletas em campo, o PSG criou um desequilíbrio, com um passe longo de Irene Paredes, que isolou Kadidiatou Diani. No cara-a-cara com Rute Costa, fez um chapéu à internacional portuguesa e a bola só parou no fundo das redes.

A toada do jogo manteve-se e a inoperância ofensiva do SC Braga também. Aos 61 minutos, já depois de as minhotas terem feito a segunda alteração, com a entrada de Farida Machia para o lugar de Chinaza Uchendu, a autora do golo anterior fez uma arrancada pelo lado direito e serviu depois Marie Katoto, que, de cabeça, consumou o hat-trick.

No momento seguinte, o treinador do PSG operou uma dupla alteração, com as saídas de Sara Däbritz e da melhor marcadora da partida, dando lugar a Sandy Baltimore e Jordyn Huitema. Quatro minutos depois, as duas atletas protagonizaram uma oportunidade de golo, mas esta última não conseguiu finalizar com êxito.

Logo a seguir, Denali Murnan, que viu o cartão amarelo, aos 75 minutos, foi substituída devido a problemas físicos e entrou para o seu lugar Regina Pereira. Do lado francês, Nadia Nadim rendeu Kadidiatou Diani.

Já no tempo de compensação, com o elevado desgaste acumulado por parte das jogadoras, sobretudo do SC Braga, a suplente utilizada Jordyn Huitema voltou a ter mais duas oportunidades e desta vez não falhou. No espaço de um minuto bisou na partida e fechou o resultado em 0-7.

Miguel Santos: “Acho que o resultado foi pesado demais”

Apesar da derrota por números expressivos, na conferência de imprensa pós-jogo, o treinador da equipa minhota confessou estar “orgulhoso” com empenho das atletas. “As jogadoras foram sérias, deram tudo e não tenho nada a apontar”, refere.

Face à crueza dos resultado, Miguel Santos considera que foi “pesado demais”. Ainda assim, destaca o “mérito do PSG”, que “ocupou muito bem os espaços”. Tal como tinha feito na antevisão à partida, afirma que o adversário “tem mais pontos fortes do que fracos”.

“Íamos tentar explorar os pontos fracos do PSG, especialmente no momento do ganho da bola, e conseguimos algumas vezes, mas acabamos por não ter consequência no último terço”, enaltecendo também que dois dos golos sofridos resultaram de erros cometidos quando a equipa estava a tentar sair para o ataque.

Novo recorde de espectadores em jogos de futebol feminino em Braga

A partida entre o Sporting de Braga fica para a história pelo recorde de assistências em jogos de futebol feminino na cidade bracarense, com 5.850 espectadores no Estádio Municipal, que acolheu pela primeira vez um jogo desta equipa. 

Desta forma foi superada a marca do jogo entre as minhotos e o Sporting, referente à penúltima jornada do último campeonato nacional, no qual a formação de Miguel Santos se sagrou campeã. 

O treinador natural de Amares salienta “o apoio fantástico dado às jogadoras” e que os sócios e adeptos do SC Braga tiveram “uma prestação excelente. “O futebol feminino tem de evoluir dentro de campo, mas também fora dele. Acho que foi um dia para se registar um bom crescimento a esse nível”, complementa.

Depois desta derrota, o conjunto bracarense volta a defrontar o conjunto gaulês, na partida referente à segunda mão da Liga dos Campeões, no dia 26 de Setembro, no Stade Jean-Bouin, em Paris. Antes disso, o SC Braga começa a defesa do título nacional na próxima segunda-feira frente ao Sporting, em Alcochete, e, no dia 22, recebe o Marítimo, em jogo a contar para a segunda jornada do campeonato.

TBG