Segurança em Gualtar: CMB vai marcar reunião conjunta

O clima de insegurança junto ao campus de Gualtar regressou e está a intensificar-se. A comunidade académica está preocupada e já lançou uma petição – Segurança na zona envolvente do Campus de Gualtar – para que os diferentes responsáveis tomem medidas para travar a onda de assaltos, rixas entre grupos e vandalismo. Todas as entidades reconhecem a existência do problema e dizem estra determinadas em discutir, de forma conjunta, medidas para inverter a situação.

Os furtos são recorrentes. Os estudantes são abordados nos túneis, junto aos prédios, nas imediações do campus de Gualtar, e nas zonas com parca iluminação. Praticamente todas as semanas há relatos de viaturas vandalizadas. No entanto, a maioria dos jovens lesados não estará a apresentar as respectivas queixas na PSP, o que pode estar a dificultar a actuação das autoridades.

Município de Braga vai agilizar reunião com todos, assegura Ricardo Rio

A Câmara Municipal de Braga (CMB) vai procurar agilizar uma reunião “o mais breve possível” com a UMinho, a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), os comerciantes da zona envolvente ao campus de Gualtar, as forças de segurança e as juntas de freguesia de S. Victor e de Gualtar. O objectivo passa por ouvir sugestões e chegar a um entendimento que permita devolver o clima de segurança àquela zona universitária.

A possibilidade foi admitida por Ricardo Rio, depois de confrontado pela RUM com algumas sugestões deixadas por comerciantes, entre elas, uma reunião que envolvesse todas as partes. A hipótese “nunca tinha sido colocada”, reconheceu o autarca, mas é “muito pertinente”, admite. A reunião será agora sugerida aos vereadores que tutelam directamente a área. “A partir daí entraremos em contacto com todos os envolvidos para organizar essa reunião o mais breve possível”, assegurou Ricardo Rio à Universitária.

Entre as medidas imediatas asseguradas pela autarquia está o reforço da iluminação. O município apela ainda à PSP para que reforce a presença junto aos bares e ruas por onde os estudantes se deslocam a pé. 

A última rixa, nas imediações do campus de Gualtar, aconteceu no passado fim-de-semana, num dos locais onde vivem centenas de estudantes da UMinho e que conta também com alguns bares e cafés:

“UMinho não pode estar de fora da resolução deste problema”, assegura Reitor Rui Vieira de Castro


Pelo campus de Gualtar circulam diariamente 15 mil pessoas. O Reitor afirma que a UMinho está “muito preocupada” em ver garantida a segurança dos estudantes e que até agora “tem procurado entender a dimensão do fenómeno”. Para os próximos dias há reuniões agendadas com representantes de estudantes e responsáveis da PSP, afiançou Rui Vieira de Castro.

O reitor apela a uma “presença mais efectiva das autoridades”, mas assume que “a UMinho não pode estar de fora da resolução deste problema”, considerando “importante a adopção de um conjunto de procedimentos internos que sensibilizem as pessoas para cuidados que é necessário ter”. Defendendo uma conjugação de esforços, Rui Vieira de Castro adianta que a UMinho “está totalmente aberta em colaborar com todas as pessoas”.

AAUM preocupada com onda de insegurança, sobretudo desde o final de Setembro, sugere protocolo que responsabilize diferentes entidades


À RUM, o presidente da AAUM confirma que os relatos aumentaram desde final de Setembro. “Há relatos sistemáticos de episódios de violência, de assaltos a alunos e a viaturas”, ainda que a maior parte dos actos não tenha resultado em queixas junto da polícia. Segundo Nuno Reis, com troca de e-mails e no contacto directo com agentes policiais, a Associação Académica tem procurado levar estes relatos ao conhecimento da PSP, uma vez que muitos estudantes não estão a reportar as ocorrências às autoridades.

Para a próxima semana está já agendada uma reunião de trabalho entre AAUM, UMinho e o comando distrital da Polícia de Segurança Pública, informou Nuno Reis. Pretende-se “perceber a real dimensão do problema” e “porque é que muitas vezes as queixas não chegam à PSP”.

Entre as medidas solicitadas pela AAUM estão o reforço da presença policial nos trajectos mais movimentados pelos estudantes, assim como a intensificação de iluminação no espaço público. 

Em tempos existiu um protocolo entre a AAUM e a PSP, também devido ao relato de sistemáticos episódios de assaltos e insegurança. Um acordo que, segundo Nuno Reis, deve ser reformulado. A AAUM pretende levar a cabo inquéritos anuais junto da comunidade académica, mas defende, desde já, medidas que limitem a possibilidade de desacatos. “É preciso reflectir muito sobre como é que a cidade quer olhar para este espaço circundante da UMinho”, atirou. “Queremos um novo protocolo, que envolva também a Universidade do Minho e a CMB. É um primeiro passo que deve obrigar todas as instituições a reflectir”, concluiu.

Quanto a uma reunião que envolva os comerciantes e representantes de condomínios, Nuno Reis acredita que podem ser “pessoas interessantes para iniciar a discussão e para ajudar a perceber que mudanças é que aquele espaço deve ter para se tornar mais amigável para a convivência estudantil”.

A qualquer hora do dia, esta é uma das zonas preferidas dos estudantes da UMinho

Juntas de freguesia de S. Victor e de Gualtar estão também atentas ao fenómeno e em contacto permanente


“Vemos com muita preocupação o que se passa na rua Nova de Santa Cruz todos os dias, com especial incidência na noite académica”, começa por atestar o autarca de S. Victor, Ricardo Silva a quem têm chegado relatos “sobretudo de casos de alcoolismo extremo, com pessoas em situação de fragilidade para casos de assalto e tentativas de aproveitamento sexual”, explicou.

A autarquia de S. Victor insiste na necessidade de “investir em campanhas de sensibilização para que todos tenham consciência dos factores de risco”. Ricardo Silva apela também à necessidade de mais policiamento, sobretudo na Rua Nova de Santa Cruz e na zona de Vilar, “com vários relatos de violência extrema”. A passagem de carros patrulha “não é suficiente”, alerta ainda o presidente de junta que está a aguardar por uma reunião com o comandante de 1ª Esquadra. Ricardo Silva também defende a realização de reuniões alargadas “para que se possa encontrar uma resposta que vá ao encontro da ansiedade da população”.

Junta de Freguesia de Gualtar pediu à EDP Distribuição regularização dos horários dos postes de iluminação


Na Junta de Freguesia de Gualtar vivem também muitos estudantes da Universidade do Minho que diariamente atravessam o campus. João Paulo Vieira admite que “sem poder policial” as juntas têm pelo menos a obrigação de reportar às autoridades as situações menos positivas. Sobre a falta de iluminação, o autarca de Gualtar admitiu que com a mudança para o horário de Inverno, “alguns postes eléctricos estão a ligar uma hora mais tarde do que deveriam”. A situação já foi reportada à EDP Distribuição, assegurou.

Estudante de Sociologia lançou petição e em poucos dias reuniu mais de 1500 assinaturas online


“Segurança na zona envolvente do campus de Gualtar” é o que pedem muitos estudantes da academia minhota. Depois de sucessivos relatos houve quem tentasse fazer mais para chamar a atenção para o fenómeno. A petição pública foi lançada no início da semana por Tiago Abelheira, estudante de Mestrado em Sociologia, com a ajuda de alguns grupos culturais, núcleos de estudantes, bares e a própria AAUM.

Aos microfones da RUM admite não ter ficado surpreendido com o número de assinaturas recolhido num curto espaço de tempo. “Esperava isto porque o assunto nos afecta a todos. As pessoas sentem-se pouco seguras e as medidas de policiamento não são suficientes nem garantem um clima de segurança”, diz. O estudante considera que a própria Câmara Municipal de Braga devia agir e incentivar à mobilização de mais recursos. “A presença deles iria facilitar o processo. E é preciso reforçar a iluminação, nomeadamente num descampado onde decorrem muitos assaltos”, denunciou. “Todas as semanas há assaltos com armas, porrada, e isso faz-nos questionar. Há um aumento do número de casos e nada se faz”, atestou.

Com a petição, os estudantes esperam “sensibilizar os órgãos competentes que também querem ver este assunto resolvido”. “Não fazer nada é que não será solução”, concluiu.

Áudio:

Ricardo Rio (CMB), Reitor UMinho, Presidente da AAUM, Autor da petição e Juntas de S. Victor e Gualtar

Elsa Moura
Elsa Moura

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