Tumores são a principal causa de morte em Braga

Talvez o melhor medicamento esteja na prevenção. E é nela mesmo que o ACES Cávado I vai apostar depois de apresentrados os resultados do Diagnóstico de Saúde do Concelho de Braga.
Em Braga, os principais problemas de saúde identificados são: tumores, doenças cerebrovasculares, causas externas, alteração do metabolismo dos lípidos, hipertensão arterial, abuso crónico do tabaco, excesso de peso, obesidade e perturbações depressivas.
O primeiro passo? A prevenção. Menor consumo de tabaco e álcool, mais actividade física, menor consumo de sal e mais de frutas e verduras. A lição pode não ser nova. Em algum momento já todos ouvimos dizer que devemos comer melhor e mexer-nos mais.
O diagnóstico levado a cabo em Braga prova que é bem verdade o que diz a sabedoria popular, influenciada por quem percebe do assunto.
Mariana Abreu é uma das vozes especialistas. A mesma que apresentou, na Unidade de Saúde Pública, esta quinta-feira, os resultados do diagnóstico.
“Nos homens é mais frequente o excesso de peso nas mulheres as perturbações depressivas”
Na generalidade, os números de Braga posicionam-se positivamente em relação à região Norte e ao continente. A populção envelheceu nos ultimos anos, fruto da diminuição da natalidade e do aumento da população idosa, facto que acompanha a tendencia nacional e europeia. Entre 2014 e 2017 a população idosa no concelho passou de 14,4% para 16% e a esperança média de vida fixou-se nos 83 anos, sendo de 79 nos homens e 86 nas mulheres. Um número superior à média.
A taxa de natalidade em Braga é superior à média nacional e regional, sendo a proporção de nascimentos em idade inferior a 20 anos abaixo da média, registando-se uma melhor qualidade de vida entre a população jovem do concelho. A vacinação atinge melhores resultados em Braga do que no Norte e no continente, registando-se “altas taxas de cobertura vacinal”. A tendência no abuso do álcool e das drogas é crescente, verificando-se mais inscritos do sexo masculino.
“Ao nível da mortalidade destaque para os os tumores malignos (do pulmão, traqueia e brônquios, mama, estômago, colon e colon rectal, e as doença cerebrovasculares. Ao nível da morbildiade, as perturbações depresssivas, as alterações do metabolismo dos lípidos, a diabetes, a hipertensão arterial, a obesidade e excesso de peso”, completou Mariana Abreu.
Foram também identificadas diferenças entre as faixas etárias e género. “Nos homens é mais frequente o excesso de peso e diabetes e nas mulheres as perturbações depressivas e a obesidade. Nos jovens, na faixa etária dos 5 aos 24 anos, as causas externas, portanto os acidentes de viação, acidentes no domicílio, afogamentos, envenenamentos e suicídios. A partir dos 25 ate aos 65 anos, os tumores malignos lideram o ranking”, adiantou a médica.
Mariana Abreu aconselha a “continuar a investir em menos hipertensos, menos obesos, menos consumo de sal, investir em mais exercício físico e menos perturbações depressivas”.
Perante os resultados, o ACES pretende traçar e implementar estratégias em articulação com o município.
Presente na sessão, Sameiro Araújo, vereadora da Saúde e bem-estar da Câmara de Braga, chama a atenção para os dados que dizem respeito à obesidade, um dos parâmetros onde Braga assume uma posição menos favorável em relação à região e ao país.
Obesidade inverte tendência e coloca Braga acima da média
“Estamos no bom caminho, à frente da média nacional e regional, apenas um aspecto em que estamos mal que é a obesidade. Temos que fazer algo em parceria, porque os números são bastante acima da média nacional. Temos que inverter esta tendência e vamos trabalhar para isso” através de “acções de prevenção e sensibilização, por exemplo”, apontou a vereadora.
Para Sameiro Araújo “há um longo caminho a percorrer”. “Estamos abertos a que esta parceria seja efectiva, porque quem vai sair beneficiados vao ser os bracarenses. Tivemos agora a ver no que podemos melhorar e podemos melhorar em bastantes aspectos”, completou.
“Temos varios projectos que são transversais. Este ano começamos o rastreio do cancro do colo e do recto, por isso todos os utentes estão a ser convocados para fazer o rastreio. Já temos o rastreio do cancro da mama, temos também retinopatia por causa da diabetes. Tivemos o rastreio do cancro concavidade oral. Com isto, tentamos prevenir de forma a minimizar esta causa de morte”, detalhou o director executivo do ACES Cávado I, Domingos Sousa.
“Cada unidade tem uma população associada” e é identificado “o problema de cada unidade”, para, depois, “se definirem actividades e obejctivos para melhorar esse problema”, como, por exemplo, através de consultas de maior vigilância”.
Este “documento estratégico do ACES, João Cruz, delegado de saúde de Braga, considera ser
“um pontapé de saída para o plano municipal que está a ser elaborado”.
Identificados os principais problemas de saúde em Braga, o ACES e a autarquia vão agora por em prática estratégias para sensibilizar a população para hábitos de vida mais saudáveis que contribuam para dados mais animadores no que diz respeito à saúde no concelho.
