Um casal, o campo e a cidade em “A Vida no Campo”

A peça “A Vida no Campo” é a mais recente co-produção da Casa das Artes de Famalicão com a Narrativensaio.
“A Vida no Campo” parte do livro homónimo de Joel Neto e representa a diferença entre a celeridade da cidade e o bucolismo. No meio está um casal com uma diferença considerável de idades que vai tentando rejuvenescer a relação, algures perdida no passado.
Como pano de fundo emergem os Açores, arquipélago de onde são originários Joel Neto e a sua mulher Catarina Ferreira de Almeida. Ambos foram os responsáveis por adaptar as palavras do livro para a dramaturgia. Aí chegadas, as palavras foram renovadas por Luísa Pinto, encenadora, e pelos protagonistas António Durães, Filipa Guedes – que dão corpo e voz ao casal – e Fernando Alves, radialista que se estreia nas lides do Teatro.
Catarina Ferreira de Almeida confessa que os autores “tiveram de vestir outra pele”. “Tivemos de encontrar um espaço de diálogo criativo e não o diálogo doméstico que temos no nosso dia-a-dia”, admitindo que no texto “há um certo grau de exposição” mas também “um olhar de fora para dentro”. “Se pegarmos na nossa vida e lançarmos sobre ela um olhar analítico surge outra coisa, outro objecto. Agora temos uma peça que já não está nas nossas mãos, que tem outra leitura”.
A nova leitura é da responsabilidade de Luísa Pinto, encenadora, que vê na peça “um hino a territórios isolados, como as ilhas dos Açores”. “É um texto que reflecte sobre a vivência humana nos territórios isolados em paralelo com o interior das grandes cidades”. A encenadora assinala que “cada vez mais, as novas gerações abandonam os locais isolados e há todo um património cessante de tradições, hábitos e costumes muito ricos, que importam valorizar”.
António Durães e Filipa Guedes dão corpo às personagens de “A Vida no Campo”. A actriz diz que o principal desafio da peça passa pelo transporte da intimidade do casal para o público, ressalvando o carácter “cinematográfico” do espectáculo. “O desafio é conseguir a intimidade sem prejudicar o trabalho do actor no que toca à vertente teatral”, resume. Quanto ao texto de “A Vida no Campo”, Filipa Guedes destaca “os tempos acelerados” de hoje em dia, “em que a cidade acaba por absorver” o dia-a-dia.
“A Vida no Campo” estreia quinta-feira (21h30) na sala de espectáculos famalicense e fica em cena até sábado.
Áudio:
Encenadora, autora e actriz de “A Vida no Campo” falam sobre a peça
