Variações. Está a chegar o filme do barbeiro que queria ser cantor

É entre a freguesia de Fiscal, no Minho, e a capital, Lisboa, que acontece o filme Variações, uma homenagem do realizador João Maia e da sua equipa ao barbeiro que queria ser cantor e que muitos anos depois do seu desaparecimento continua a ser cantado e recordado por diferentes gerações. Mais de dez anos depois, após altos e baixos e muitas contrariedades, João Maia prepara-se para ver nos cinemas o filme por que tanto batalhou e que é protagonizado por Sérgio Praia, actor que em 2008 aceitou o convite para ser protagonista, e que aguardou pelo momento até 2018, data em que o filme foi rodado.

A estreia nos cinemas portugueses está agendada para dia 22 de Agosto, mas o Parque das Termas, em Caldelas – Amares, é o local escolhido para a antestreia. O realizador fez questão que assim fosse. A ideia é retribuir toda a ajuda e carinho que a equipa sentiu ao longo da semana em que gravou na freguesia de Fiscal, há cerca de um ano e ouvir a opinião genuína da assistência.

Espectadores vão ver como é que o António Ribeiro passou de barbeiro extravagante a artista universal

A poucos dias da estreia do filme que tem despertado a curiosidade dos portugueses, João Maia desdobra-se em entrevistas, à semelhança do actor que veste a pele de Variações, Sérgio Maia, mas a RUM conseguiu roubar uns minutos ao realizador.

Em entrevista aos microfones da Universitária, João Maia conta que ficou “muito interessado na história do barbeiro que queria ser cantor” e que à medida que ia pesquisando foi vendo “mais coisas sobre a vida pessoal, como se comportava com as pessoas, quem eram as pessoas mais próximas” e foi começando a criar uma estrutura para fazer uma longa-metragem. O realizador optou por um período da vida de Variações em que ainda não era conhecido, permitindo ao espectador “ter a experiência de como é que o António passou de uma pessoa que se vestia de maneira extravagante e era um barbeiro/cabeleireiro, para um artista universal”, conta.

No Minho, toda a semana de filmagens aconteceu em Fiscal. No rio Homem, com a reconstituição da travessia na Páscoa, mas também numa casa, que só não é a casa onde viveu com a família porque já não existe. João Maia confessa que “a homenagem” possível foi “tentar filmar nos sítios mais próximos onde ele andou”. Em Lisboa, as filmagens da sua casa foram gravadas no mesmo prédio, mas no terceiro andar, uma vez que o primeiro andar, onde viveu, foi remodelado. O realizador confessa que “era sempre mais entusiasmante” trabalhar nos sítios por onde passou, evitando reconstituições e trabalho em estúdio.

“Ansioso e contente” com antestreia em Amares

João Maia confessa que “há muitos sentimentos envolvidos”. “Ansioso e muito contente por fazermos esta primeira apresentação na terra dele. Foi muito emocionante filmar na terra dele e acho que vai ser também emocionante mostrar aí o filme. Acho que as pessoas estão muito entusiasmadas para ver o filme e acho que vão gostar”, afirma. O realizador recorda “uma semana extraordinária” em Fiscal com todos a ajudarem.

Sérgio Praia, o protagonista, e João Maia, o realizador, vão marcar presença em Amares na noite desta segunda-feira para também “retribuir” todo o apoio sentido.

“Gostava que fosse o filme português mais visto de sempre”

É notória a expectativa generalizada em torno do filme, sobretudo pelo destaque na imprensa a cada novidade ao longo destes anos. 

Há quem diga que ‘Variações’ pode vir a bater recordes de bilheteira no que respeita ao cinema português. João Maia não esconde o entusiasmo com esse facto. “Gostava muito que fosse o mais visto de sempre. É um número difícil, os filmes portugueses mais vistos são sempre ou quase sempre comédias. Gostaria muito que fosse, era muito bom para o cinema português, mas também para o António Variações e para quem gosta dele”, diz o realizador sem rodeios.